sábado, 28 de fevereiro de 2009

António Costa e o Bloco de Esquerda


Durante os trabalhos do Congresso do PS, o Dr. António Costa lançou um violentíssimo ataque ao Bloco de Esquerda. Antes de entrar em considerações acerca do conteúdo das suas palavras importa analisar as suas motivações.
António Costa não atacou o Bloco por acaso, nem tão pouco apenas devido às situações que tem vivido na Câmara de Lisboa com o Bloco e o Sá Fernandes. Se estivermos atentos, este discurso vem na linha das palavras de Sócrates na abertura do Congresso. A verdadeira razão do ataque ao Bloco é porque este é o verdadeiro inimigo do PS na conquista de uma nova maioria absoluta. A direita do PS está esfrangalhada, a níveis tão baixos que é impossível descer mais, sendo praticamente impossível ao PS conquistar votos nesse espectro. Sendo assim o PS tem de atacar a sua esquerda, essa tem crescido, atacado cada vez mais os socialistas, até por dentro, com as cumplicidades mais ou menos públicas de Manuel Alegre com Louçã e sua companhia.
A verdade é que ao mesmo tempo que atacam a esquerda, o PS e os seus dirigentes têm de estancar a hemorragia que por esse seu lado o enfraquece, proclamando o respeito por Alegre, dizendo que o seu lugar é no partido. Na verdade Alegre nem sequer vai ao Congresso: declarações imediatas - O Manuel Alegre faz falta ao PS - como declarou José Seguro aos jornalistas, e que, quando questionado porquê ficou sem palavras, isto porque a única razão para tais afirmações é tentar estancar a ferida que poderia fazer perder votos para a esquerda, para o Bloco, tentando por todos os meios que Alegre, com os seus apoiantes, dispersem votos preciosos para a conquista da maioria. Presentemente Manuel Alegre tem um pequeno grupo parlamentar próprio, que se une a ele, e que Sócrates e a Direcção socialista, para garantirem o unanimismo desejado, podem ter de reforçar nas listas para as legislativas.
Se pensarmos bem Alegre e Louçã têm muito mais em comum do que Alegre tem com Sócrates: tanto Alegre como Louçã são figuras de esquerda, mas de uma esquerda que se desliga da realidade, vive num mundo da fantasia e da poesia, onde tudo se resolve com a utopia do colectivismo (ainda).
Mas vamos analisar então o conteúdo das palavras de António Costa. Este afirmou que o Bloco de Esquerda era um partido irresponsável, etc. Há muito tempo que afirmo, entre amigos, uma opinião muito semelhante, em relação ao Bloco, como a agora declarada pelo António Costa. O Bloco é como um grilo falante que gosta de falar mal de tudo e todos, levanta suspeitas, olha em redor com superioridade moral, arrogantemente defendendo uma seriedade absoluta, nunca desejando assumir qualquer tipo de responsabilidade, porque sabem que a partir desse momento deixam de poder colocar-se no poleiro da superioridade e criticar os outros, têm que sujar as mãos e trabalhar, trabalhar.
Sou militante de um partido que defende uma moralização na vida política, mas sem posturas moralistas e de superioridade, tanto que o alvo das campanhas do meu partido, nem são tanto os eleitores de esquerda ou de direita, apela sim aos desligados, aos desiludidos com a política, aqueles que habitualmente não votam, a esses sim importa conquistar, ganhar de novo para a vida política, levando-os a acreditar que a política não é esta actividade suja a que assistimos, pode ser uma actividade digna, pela qual a governação e o destino de todos se decide. Esse partido é o Movimento Mérito e Sociedade (MMS).

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Sócrates O Calimero




Resisti até ao máximo das minhas forças contra o impulso de escrever acerca do Congresso do PS. Mas depois do discurso inaugural do seu Secretário Geral, o Eng. José Sócrates, não consegui aguentar mais.

Vimos ali, no púlpito solitário mas majestoso do congresso, uma nova criatura política "Sócrates O Calimero".

Quem não se recorda do desenho animado do pequeno pinto preto, sempre cheio de pena de si mesmo, com a casquinha de ovo na cabeça, "coitadinho do Calimero".

Sócrates ainda não colocou a casquinha de ovo, mas o número da vitimização está a apresentá-lo ao país como forma de conquistar votos. Começou com o debate quinzenal, mas agora continua... Coitadinho do Sócrates, tentam fazer-lhe uma capanha negra, não é o povo, é sim a comunicação e os bloggers, malandros que perseguem o primeiro ministro com falsidades de freeports e coisas do género.

Já se adivinhava que este momento litúrgico de celebração do poder da rosa seria o lançamento da campanha eleitoral para o ciclo que aí vem. No entanto nunca pensei que o grande mote ficasse na vitimização: pensei sempre que fosse apresentar propostas novas, talvez um cabeça de lista às europeias, nunca que apresentasse O Calimero, como o grande argumento eleitoral do PS.

Afinal a pobreza da nossa democracia está mesmo aqui. Um Primeiro Ministro que diz que é o povo e não os jornalistas quem escolhe o governo, está a querer enganar-nos a todos. Isto é uma grande mentira.

O Povo prtuguês não escolheu o Sr. Sócrates para o governar, a grande maioria nem sequer votou: não encontrou em Sócrates nem nos seus pares dos outro partidos, motivos, razões para votarem. Para quê votar? Para quê incomodar? Para quê interromper o fim de semana?

A Partidocracia dominante, o nosso regime de governo, afasta as pessoas, porque a base de toda esta sociedade política, é a defesa do partido e dos seus cúmplices.

Este congresso do PS mais parece um programa de culinária, não daqueles onde se apresenta um grande prato da cozinha tradicional portuguesa, nem daqueles pratos sofisticados de cozinha gourmet, mas sim um pobre programa de distribuição de tachos e panelas.

Esta é uma situação que só nos pode perturbar, é tempo de dizer não a Calimeros e aos partidos do costume - a Partidocracia tem de acabar, tem de ser extinta.

Fim da época de saldos


Hoje é o penúltimo dia desta época de saldos. Umas lojas queixam-se da crise, outras afirmam que não a sentiram, porém todos falam na "Crise".



Mas o facto é o fim dos saldos. Fim dos saldos no comércio, na roupa, no calçado, porém creio que na política os saldos não acabaram, acho até que nunca acabam: há sempre políticos em saldo, à venda por preço baixo, trocando amizade e influências por jobs ou por alguma jeitosa house.


Será que faz sentido, num país com a nossa dimensão, mantermos um parlamento com tantos deputados, mantermos ainda um número de cerca de 400 câmaras municipais, e um número ainda maior de freguesias, e pior, ainda discutirmos o aparecimento de mais uma estrutura intermédia de poder, com mais cargos, lugares e despesas, como as propostas de regionalização vêm defendendo.


Estamos metidos num lodo partidário, onde a política fede e mete nojo, porque ninguém consegue encarar como séria uma actividade onde o compadrio, o amiguismo, os conhecimentos e as cunhas dominam e com isso se pretende dirigir um país.


Poucas pessoas entendem, neste país, que alguém se interesse por política e se envolva num partido a não ser para conseguir agarrar algum tacho, sugar, por algum lado, um pouco do Orçamento de Estado. É assim que o português médio vê a política e os políticos, e, na verdade, pouco os podemos criticar por isso, pois quem mais faz para transparecer essa imagem são eles mesmos.


Pois é, tal como roupa em montra, os políticos portugueses estão sempre em saldo, é fácil comprar um, até para coisas pouco escusas...


Será que ninguém se indigna que um político que saí do governo vá dirigir uma empresa da área que tutelou (atenção que eu não sou contra o facto de os políticos poderem dirigir empresas após saírem de funções governativas, pois precisam de continuar a trabalhar - pelo menos alguns - o que critico é o irem trabalhar para empresas da mesma área que até há pouco tutelavam) e depois de estarem nesse lugar, de repente, essa empresa começar a ganhar concursos públicos a torto e a direito, ou pior ainda, ganhar a exploração de actividades e de obras sem sequer concurso público nenhum.


Apesar do pouco tempo de idade, quem se indignar deve clicar no link que deixo no fim desta página e conhecer o Movimento Mérito e Sociedade.

O Dilema de Sócrates: Europa ou Campanha Eleitoral


A líder do PSD reagiu com palavras fortes ao facto do Sr. Eng. José Sócrates, Primeiro-Ministro, mas também Secretário Geral do PS, não ir à cimeira europeia em que se vai discutir uma estratégia a nível europeu de combate à crise, para estar presente no Congresso do seu partido. A Dra. Manuela Ferreira Leite afirmou que "nenhum Primeiro-Ministro nem mesmo com 40 graus de febre poderia faltar a esta cimeira", quanto mais faltar para estar presente na "festa do PS". Chegou mesmo a dizer que isto era "inaceitável e escandaloso". Com choque e consternação o Partido Socialista reagiu a estas palavras, pois o país iria estar bem representado, pois que comparar o congresso a uma festa é uma vergonha, chegando mesmo a raiar o insulto, como bem vem sendo habitual nas hostes socialistas dos últimos tempos, ao afirmar "qual é o conceito de democracia da Dra. Manuela Ferreira Leite". As hostes do PS ofendem mas perante uma pergunta, como a colocada pelo líder parlamentar do PSD no penúltimo debate quinzenal, o Primeiro-Ministro tem uma reacção de grande indignação e sente-se ofendido.

Tenham vergonha meus Senhores, tenham vergonha!!!

Mas voltando ao Dilema de Sócrates.

De facto não é fácil para o Sr. Eng. Sócrates decidir onde estar. Se por um lado é importante estar presente numa cimeira europeia em que se vai debater a crise, também é importante estar no arranque da campanha eleitoral do PS para as várias eleições que se avizinham.
Poderá alguém perguntar: "Mas então só agora é que a campanha vai começar, pela quantidade de anúncios que tenho visto pensei que em campanha já o governo estava há pelo menos um ano?"
Esclareça-se que não. Só agora vai arrancar. É verdade que se tem prolongado a campanha eleitoral, e não tem sido o PS a fazê-la, o governo tem tratado do assunto, e a que preço: o governo tem organizado acções de campanha um pouco por todo o país por cerca de 500 mil Euros cada. Em cada inauguração, em cada visita do Primeiro-Ministro, só na festinha, com os beberetes sem tem gasto cerca de meio milhão de euros em cada um, indo esta conta já em cerca de quatro a cinco milhões de Euros. Nem mesmo a afirmação do Ministro Mário Lino ( O tal do nunca em Alcochete e do deserto na margem sul) de que eram as concessionárias das auto-estradas quem pagava que diminui o escândalo, porque o dinheiro continuo a ser mal gasto e continua a ser o dinheiro de todos nós a sustentar essas empresas, pricipalmente nas tão socialistas SCUTS.
Por aqui se vê que a atitude, ou melhor a forma como Sócrates resolveu o dilema, não surpreende: alguém que desenvolve tantos esforços, e que numa altura de crise e de esforço orçamental, gasta o que gasta em campanha, nunca iria trocar a discussão da resolução da crise a nível europeu, pela campanha eleitoral do PS, com vista à reeleição e por sua vez à continuação de mais festas a 500 mil euros cada.
Sim Senhor Primeiro Ministro o país está atento.

É triste a forma como os partidos tradicionais exploram e desbaratam o dinheiro que é de todos, em vez de procurarem uma gestão criteriosa dos recursos.
Como poderia eu ficar indiferente a uma mensagem política como a do Movimento Mérito e Sociedade em que o mérito, o esforço individual, mas também a responsabilidade pessoal e a gestão criteriosa do património público, ao ponto de defenderem o fim das comparticipações do estado aos partidos, me poderia ser indiferente.

Estas acções exigem reacções.

Eutanásia: o tema das meias verdades!!


Parece querer que se recomece em Portugal o debate acerca da Eutanásia.

No entanto creio que este é um tema que está a ser discutido sempre baseado em meias verdades e em equívocos de conceitos.

Em primeiro lugar importa definir o que é importante. Ou melhor, importa definir o que é mais importante: a vida humana ou a pessoa humana. A forma como definimos o que é importante, se é a pessoa ou a vida, pode alterar completamente a forma como encaramos e discutimos este problema.

A Igreja Católica iria de imediato responder que o mais importante é a vida humana. No entanto esta posição é bastante frágil e revela uma Igreja que, assumindo-se ainda como uma religião da esfera do espiritual, se comporta cada vez mais como uma instituição humanista sem qualquer tipo de preocupação realmente espiritual. Afinal se é a vida humana que é importante é necessário preservá-la a todo o custo, o que a acontecer poderia levar a situações de prolongamento médico artificial de vidas que não têm qualquer nexo de existir. Pelo que, acreditando, alegadamente pelo menos, que a pessoa humana não se extingue com a morte, o facto de quererem adiar esta realidade parece temer a perca da pessoa com esta. Resta então a indagação inversa, ou seja se com isso se deve procurar a morte como uma buscar espiritual. Não é isso que digo, o que digo é que numa posição em que a vida é o valor mais absoluto se perde o sentido da imortalidade da alma humana, que acho a Igreja Católica ainda defende.

Saindo da posição católica, acho que aqueles que valorizam a vida e com esse argumento crêem que a eutanásia não é defensável estão errados, pois se a vida humana vale tanto então é porque a pessoa humana tem menos valor.


Sou cristão evangélico, por isso defendo a vida humana, sou contra a eutanásia, porém creio profundamente que a pessoa humana é muito mais do que a sua vida meramente física.

Creio que uma pessoa é muito mais do que o seu corpo, por isso vale muito mais do que a sua vida.

Como tal, sendo frontalmente contra a eutanásia, por motivos que exporei adiante, sou ainda mais contra a distanásia, que é o prolongamento artificial, por meios médicos e mecânicos, da vida humana, quando o corpo por si só não tem capacidade de se manter vivo.

Essa prática sim acho degradante da vida e sobretudo da pessoa humana.

O problema maior do equívoco de que falo mais adiante é de que se fala tantas vezes em casos de eutanásia que não o são: quando se quer desligar uma máquina a uma pessoa incapaz de respirar sozinha, ou se mantém um ser humano num estado vegetativo por tempo indefinido, isso não é eutanásia, no entanto é apresentado, até pelos média, como se fosse. Mas não é. Isto é distanásia e isto sim deveria ser proibido.

Eutanásia é outra coisa: eutanásia nem sequer é suicídio assistido, eutanásia é outra pessoa induzir outra à morte, a pedido da que falece, por esta não conseguir ou não querer manter a sua vida, seja por razões de doença física, ou até psíquica.

Aqui sim sou radicalmente contra.

A resposta para as pessoas em estado terminal de várias doenças são os cuidados paliativos: dar valor e dignidade às pessoas - à pessoa humana, mais do que apenas à vida humana - através de cuidados médicos e psicológicos que levem a que a pessoa tenha qualidade de vida até ao fim dos seus dias.

Como podemos apresentar a eutanásia como alternativa, se não damos a outra face, a outra possibilidade. Se Portugal tivesse um sistema de cuidados paliativos a funcionar, em vez de apenas 17 camas a nível nacional, destinadas a este fim, e ainda assim houvesse quem pedisse para morrer, aí sim, aí talvez fizesse sentido discutir a eutanásia.

Em discussões com amigos surge muitas vezes a questão de pessoas com paralisia total que, devido à sua qualidade de vida, desejam a morte e com isso dão razão a quem defende a eutanásia, pois o estado não pode obrigar essas pessoas a viver, elas devem ter o direito de morrer.

Aqui levantam-se dois problemas: o primeiro é que ainda que estas tenham o direito de morrer, quem tem o direito de as matar?; o segundo é será que essas pessoas não querem morrer porque estão doentes, não fisicamente, mas mentalmente e socialmente?

Não sei como responder sem dúvidas ao primeiro dos problemas, pois não consigo perceber se haverá alguém que tenha o direito de tirar essa vida, a dúvida permanece comigo, quanto ao segundo problema creio que a resposta é que existe de facto uma outra problemática de saúde envolvida nessas vidas, pelo que a solução não é matar mas sim tratar.

"Fracturante"


Da direita à esquerda

É das matérias mais fascinantes na política. É discutir onde se localiza no espectro político cada partido, cada ideia, cada pessoa. Como se movimenta, como são as suas atitudes, é calcular se são de direita, de esquerda ou, do grande e consensual centrão.
Será que Sócrates e o seu governo são de direita ou esquerda, se o que dizem, o que fazem, se as suas ideias são de direita, esquerda ou centristas. Como será, quais as suas intenções, como é.
Será difícil de conseguir nos dias de hoje perceber e estancar cada força, cada pessoa, com as suas várias e diferentes posições, porque a bem dizer, hoje em dia é difícil alguém defender atitudes só de direita ou de esquerda: pelo que surge o enorme e muito abrangente centro.
Será que centro não é o sítio do conforto político, o local onde quem não quer ser incomodado se instala para não ser muito questionado, até não se preocupa muito em quem votar, pois PS ou PSD localizam-se ambos nesse centrismo, a que poderíamos chamar também cizentismo, ou falta de atitudismo, ou situacionismo, ou encostadismo, etc.??
Afinal onde pode estar a novidade: creio que a novidade está em não ser de direita, nem tão pouco de esquerda e ainda menos do centro - novidade é quem não se revê na antiquada e desajustada realidade da geometria política - e há quem já não se reveja nessas antigas caixas de ideias, impregnadas do velho mofo do partidarismo e da partidocracia, envolvendo pessoas novas, onde as ideias são outras - há quem não se reveja nessas prateleiras e como tal se considere da frente.
Nem de direita, nem de esquerda, nem do centro: considero-me politicamente à frente, é aí a minha localização na geometria política - à frente.

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Acerca da Educação Sexual





Fiquei estupefacto e até incrédulo que a montanha, que tem sido a discussão ao longo de anos da implementação da Educação Sexual nas escolas, tenha parido um rato, como são as 12 horas anuais desta matéria por ano.
Quando ouvi esta notícia só pensei "isto é brincadeira", e, quando logo a seguir ouvi os Srs. do Bloco de Esquerda a dizer que isto é pouco, que se devia de ir mais longe, oferecendo preservativos aos alunos nas escolas, passei do espanto para a indignação.

Parece que esta vai ser mais uma oportunidade perdida.

Se bem que as 12 horas anuais parecem ser suficientes n o primeiro ciclo, que esta carga horária se mantenha nos segundos e terceiro ciclos já parece mesmo brincadeira. E o que ensinar, e quem deve ensinar? Perguntas que tanto têm ocupado as mentes dos legisladores, e que afinal me parece tão fácil de responder.

Na minha opinião quem deveria ensinar estas matérias deveriam ser psicólogos clínicos ou educacionais, sendo as matérias apresentadas, não apenas ensinando em como se faz sexo, como é o corpo do homem e da mulher, como a reprodução se faz, esclarecendo claramente que o sexo é também um prazer, porém que acarreta responsabilidade, trazendo também uma carga de bagagem psicológica, de forma que os adolescentes saibam resistir às pressões sociais e de grupo em relação à prática sexual, por forma a que por si só decidam o momento certo de iniciarem a vida sexual.

Saúde mental, ajudar a que na adolescência, em que mais instabilidade emocional existe, haver um técnico especializado a ensinar e a equipar os jovens acerca de como enfrentar e iniciar a sua vida sexual, creio ser muito mais importante do que a distribuição de preservativos.

Cada escola portuguesa deveria de ter um psicólogo clínico, que ajude a lidar com problemas, quer os alunos, quer até o pessoas docente, e ainda leccionar a cada turma, uma hora por semana as matérias relativas à Educação Sexual.

Afinal que Educação queremos dar aos nossos filhos: queremos ensinar-lhes como fazer sexo e evitar gravidezes indesejadas, ou queremos ensiná-los a ser sãos em todos os aspectos da sua vida inclusive ao nível da sexualidade? Onde queremos colocar a ênfase no sexo para a vida ou na vida para o sexo?

A vida é muito mais do que sexo, mas com estas atitudes e este tipo de educação sexual, apenas dizemos que a vida é sexo e existe só para isso.

Nada mais falso e vazio.

"Quem tem lucros não pode despedir"


Este é um slogan que o Bloco de Esquerda tem espalhado, em enormes Outdoors, por toda a cidade de Lisboa.

Só que este slogan, por muito que pareça cheio de justiça, é na verdade, na minha opinião, mais uma demonstração da forma pouco séria e sobretudo demagógica, com que o Bloco de Esquerda entende e pratica a acção política.


Passo a explicar.


Eu não sou empresário, tão pouco tenho a capacidade e os conhecimentos de Economia que o Professor Francisco Louçã tem, mas creio que não é difícil de entender que, uma empresa que no ano passado teve lucros, perante o embate que a crise tem tido nas suas encomendas, com isso na sua produção, ou nas suas vendas, tendo até a experiência do último trimestre do ano, fazendo a projecção do ano corrente, entenda que será difícil enfrentar este exercício sem efectuar despedimentos.

Claro que quem entende que os empresários são todos monstros desumanos que só querem explorar os trabalhadores, não entendem que estes também vivem do que as suas empresas lucram.

Creio que é hora de arrepiar caminho: não podemos considerar que todos os empresários são sérios nem pobres coitados, mas também não podemos considerá-los sempre exploradores sem escrúpulos.

Tem de haver força sim perante aqueles que querem encerrar as suas empresas sem pagar o devido aos funcionários, ou utilizam subterfúgios vergonhosos para fugir às suas obrigações, como processos disciplinares e outros. Isso sim devem ocupar a mente dos Senhores do parlamento, como o Sr. Prof. Louçã e companhia.


domingo, 22 de fevereiro de 2009

Crise?: só de vontade!!

Falamos e ouvimos falar insistentemente em Crise.
Mas parece-me que a verdadeira e única crise que existe é uma crise de vontade.
Não me parece que os nossos políticos estejam muito empenhados em resolver a crise, creio que estão mais interessados em tirar dividendos dela.
Não estou com má vontade para com a "digníssima" classe política, mas vejamos: a líder do PSD, assim que foi eleita firmou que não tinha de apresentar ideias alternativas às do governo, até às eleições, quando apresentasse o seu programa eleitoral; o Primeiro-Ministro clama alto e bom som, tal como fez ontem, que o Governo está aberto a boas ideias para ajudar a resolver a crise, quando só acha boas ideias as suas.
Afinal existe vontade em resolver a crise ou todos a querem usar como montra para o seu brilhantismo ideológico e técnico nas questões económicas?
Parece legítimo perguntarmos se todas as ideias do Governo serão realmente boas e se todas as ideias da oposição serão realmente más, mas a ideia com que fico é que os políticos - de um lado e do outro - são realmente muito maus.

sábado, 21 de fevereiro de 2009

Acerca do Situacionismo


Existe uma Palavra no léxico da blogosfera política nacional que tem tomado algum protagonismo. De tal forma que se colou quase que de forma adesiva ao blogger que habitualmente a usa. A insistência tem sido tal que quase já não se consegue falar em política portuguesa sem falar nessa palavra. Trata-se do situacionismo.

Mas afinal o que é o situacionismo: é a forma como a comunicação social, e a sociedade em geral até, proclama e aclama insistentemente as virtudes e as ideias de quem tem o poder, bem como de quem é amigo de quem tem o poder, e até de quem é amigo de quem é amigo de quem tem o poder, e por aí adiante.

Quem tem falado insistentemente em Situacionismo: o ilustre Dr. José Pacheco Pereira, no seu conhecido blog "Abrupto". De facto é uma leitura diária que não dispenso, sou um confesso admirador do dito Sr., porém gostaria de deixar algumas considerações diversas acerca do situacionismo.

O que tanto tem revoltado o Dr. Pacheco Pereira, é um situacionismo que parece insistentemente proteger a esfera do governo, quer por parte deste propriamente dito, quer por parte do partido que o sustenta. De facto, pela forma como o Dr. Pacheco Pereira apresenta as situações, podemos falar numa grave crise de respiração na política portuguesa.

Mas gostaria de sugerir um outro caminho, uma outra razão para a respiração assistida do situacionismo ser tão premente: porque há tão pouco ar respirável para outras ideias e outras pessoas na política portuguesa? Há excesso de mofo, esse é o problema. Existem muitas ideias iguais, muitas pessoas "iguais", muitos "modus operandus" iguais; o fazer, o propor, a ambição, é tão comum, tão igual, que não há ar novo, respirável, na nossa política, na nossa sociedade, daí a necessidade de assistência respiratória.

Tudo isto porque creio que o situacionismo vai mais além do que a esfera PS/Governo: tudo é mais abrangente. O situacionismo ataca tudo e todos e é, não um mal em si mesmo, mas mais um sintoma de um mal mais profundo da nossa sociedade, da nossa política. Creio que o problema é mais abrangente, é mesmo um problema de regime.

No pós 25 de Abril, com toda a liberdade conquistada, proclamou-se a democracia, porém ela foi substituída habilmente pelos políticos, que tantos há que nunca tiveram nenhuma outra actividade profissional sem ser políticos (exemplos disso são o nosso Primeiro-Ministro, o Dr. Almeida Santos, o Dr. Santana Lopes - neste caso exceptua-se o tempo em que foi presidente do Sporting -, o Dr. Manuel Alegre, entre muito outros), por um outro regime, não declarado, nunca legislado, nem tão pouco assumido: a partidocracia.

Portanto creio que as dificuldades respiratórias da nossa política e da nossa sociedade se devem não ao situacionismo mas sim à Partidocracia: a ditadura, ou melhor, o regime de governo dos, pelos e para os partidos.

Regime dos partidos: foram eles os autores do regime - os lugares eleitos são seus, não dos eleitos, e só eles são os legítimos representantes do povo!!!???

Regime pelos partidos: não é possível haver projectos governativos sem ser dentro do grupo de partidos que entre si partilham o poder, ou seja os dois maiores e os seus satélites, todos mais ou menos cúmplices, que abafam completamente qualquer ponto de luz que tente quebrar esse breu.

Regime para os partidos: estes governam e governam-se, quer através dos milhões que recebem do orçamento de estado para se sustentarem e financiarem, como pela forma como os cargos políticos e públicos são distribuídos pelos amigos políticos - quando estes últimos deveriam de ser lugares de carreira, de quem faz carreira, nunca de quem é amigo, estando o estado e os partidos de tal forma intrincados que se confundem.

A Partidocracia está de tal forma enraizada que não conseguimos quase conceber outra forma, outro regime.

Acho que é tempo de haver uma separação clara entre os partidos e o estado, tal como o laicismo proclama para o estado e a religião.

Como? Simples, muito simples: todos os cargos da Administração Pública deixam de ser de nomeação política, são desempenhados por indivíduos com qualificações e com carreira feita, independentemente dos ventos partidários do poder: as esferas de nomeação política limitar-se-iam aos ministros e seus secretários de estado (claro que com os seus muitos e diversos assessores e afins).

Como? Simples, muito simples: todos os cargos eleitos pertencem a quem é eleito e não ao partido, sendo os deputados eleitos em círculos uninominais, bem como o primeiro-ministro, ministros e secretários de estado são eleitos através de listas apresentadas para irem a votos, tal como acontece na mais vulgar das associações deste país.

Como? Simples, muito simples: os partidos deixariam de receber qualquer verba do orçamento de estado para se financiarem, teriam de ser os seus militantes a financiarem o partido.

No entanto estas ideias são inconvenientes para a Partidocracia vigente, daí a forma como são abafadas. Sim porque existe quem as defenda: o partido Movimento Mérito e Sociedade (MMS), defende estas e muitas outras ideias, e aí, aí sim, o situacionismo não permite que este ar novo entre na nossa política e traga uma nova respiração à nossa sociedade tão necessitada.