sábado, 3 de abril de 2010

Páscoa - a Passagem



Como é conhecido a Páscoa é a festa da Passagem. É uma festa antiga, celebrada pelos Judeus desde os tempos da sua saída da escravidão do Egipto.


A primeira Páscoa teve sangue e morte: cada família judaica deveria matar um cordeiro, com sangue do animal deveria "pintar" as ombreiras da porta; deveriam também assar o animal e comê-lo apressadamente, com ervas amargosas, vestidos e com os cajados na mão. O anjo destruidor passou, matando os primogénitos de todos os animais e pessoas das casas em que não estivesse o sangue do cordeiro sobre as portas. Houve morte, muitos gritos e choros de dor profunda, mas a morte passou, e, nas casas onde o cordeiro foi morto e o sangue estava na porta, a morte já havia sido cumprida, onde o animal sacrificial não foi morto houve lugar à morte do primogénito, não houve substituição, não houve morte vicária, houve morte, dura, crua e impiedosa morte.


A analogia é tão simples e óbvia que é quase escusado descrevê-la. Porém as lições são imensas.


Hoje comemoramos a Páscoa, não a judaica, mas a Páscoa Cristã. A nossa Páscoa é Jesus, porque ele é aquele Cordeiro morto. Jesus morreu, derramou o seu sangue para disponibilizar o livramento da morte. O sangue está disponível, a salvação da morte está disponível. Porém não bastou aos israelitas daquela primeira Páscoa matarem o cordeiro. Era necessário untar as portas com esse sangue, colocar na porta da sua casa, das suas vidas o sinal do sangue, para que a morte não entrasse. Ainda hoje, Jesus O Cordeiro morreu e deu o sangue, falta agora que cada um unte as portas da sua vida, os lugares de passagem da sua vida, o lugar de entrada e de saída da vida de cada um de nós com esse sangue do Cordeiro de Deus.


Mas ainda assim há mais um passo. Tal como os Judeus que precisavam comer o cordeiro assado, também hoje em dia é importante que após pintar as portas da vida com o sangue do Cordeiro, é importante depois alimentarmo-nos do Cordeiro, recebermos da sua vida, olharmos para o seu exemplo, entrarmos na comunhão íntima com o Cordeiro.


Mas ainda assim há sempre a obediência, o servir, o fazer, tal como o israelita pronto com o cajado enquanto comia, o estar sempre em cuidado da vida, colocando-se sempre em questão; lutar em cada dia para o aperfeiçoamento pessoal, comendo as ervas amargosas do mundo; sempre pronto para fugir, para passar, para ir onde Deus manda, sempre pronto para a partida para a Eternidade, quer seja por meio da morte física, quer seja pelo aguardado Arrebatamento.