quarta-feira, 29 de setembro de 2010

PS ou PSD eis a questão

Numa actividade já de si sempre mal cheirosa - a política - o deteriorar do ambiente político apenas piora o odor que quem percorre esses meandros tem de suportar. Os portugueses em geral, o povinho, desliga-se muito da política sob um confortável carimbo de "são todos iguais". Sentem a crise no bolso e a corda na garganta, ao mesmo tempo que o cinto lhes estrangula o estômago, mas ainda assim procuram sobreviver sem querer tocar nas nojentas nuances de uma política cheias de partidarites e interesses mesquinhos a essa associados. Mas a verdade, por muito que se queira enfrentar a realidade ou não, são os políticos quem decide uma boa parte da nossa vida, são eles quem decide se um imposto sobe ou não e se por isso vamos ter mais ou menos dinheiro na carteira. A verdade verdadinha é que a política tem muito mais importância e influência nas nossas vidas do que aquela que nós estamos dispostos a atribuir-lhe, sendo portanto merecedora de muito mais atenção do que aquela que lhe prestamos.
E aqui estamos mais uma vez numa encruzilhada, criada pelos partidos, mas que nos vai cair em cima, como uma casinha mal construída em dia de terramoto, com todo o peso e dor que daí advém. O PS e o PSD em aparente ruptura parecem querer criar uma crise que leve o país a eleições. Sem falta. porque o PS está a demonstrar não ter unhas para tocar esta viola que é Portugal, com todas as suas dificuldade e problemas orçamentais. Na verdade o PS é apenas uma máquina de fazer política, no sentido mais propagandístico ou maquiavélico do termo, porque entende a política como o jogo da conquista do poder, do desdizer e derrotar os argumentos dos adversários, porém sem qualquer capacidade de gerir e governar o país, ou seja de passar da teorização da guerra política para o exercício da governação.


Claro que, pela maneira como as nossas mentes foram ao longo dos anos formatadas, em alternativa ao PS apenas pensamos haver o PSD (antes de mais quero deixar claro que não vejo nos restantes partidos do arco parlamentar alternativas de governo, mas esclarecerei melhor mais adiante). Mas será o PSD capaz de preconizar as mudanças urgentes para o país? Não creio, porém perante os problemas imediatos com nos defrontamos creio que o PSD faria uma governação que poderia responder melhor às ansiedades e nervosismos do mercado, bem como tomar as medidas de austeridade que o PS não quer tomar, por estas afectarem uma boa parte da sua base fixa de apoio eleitoral.


Mas qual será então a solução? Bem, para mim a solução não está nem no PS, nem no PSD, nem na muleta deste, o CDS, nem nos contra tudo e contra todos PCP, BE e PEV. Se tomarmos consciência da situação do país, se tivermos conscientemente coragem para perceber que a responsabilidade pela situação actual do país, também é nossa, devido ao desprezo com que tratamos a política e pela displicência com que doamos o nosso voto, talvez possamos então arrepiar caminho e decidirmos de uma vez por todas tomarmos os destinos da nação nas nossas mãos de cidadãos. Urge assim, como fonte de resolução dos nossos problemas mais estruturais e profundos, uma onda da sociedade civil, que se revolte contra os partidos do costume e possa preconizar, como dizia o Prof. Eduardo Correia, a revolução inteligente.


Em consciência sei que estou num esforço de cumprir a minha parte nessa mudança urgente, ao participar activamente na construção de uma nova força política que se apresente como alternativa a este estado de coisas da política portuguesa.

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