sábado, 29 de janeiro de 2011

Recebido por email, dois poemas actuais


Actualização dos Lusíadas - autor desconhecido

I
As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!

II
E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas.
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

III
Falem da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano.
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.

IV
E vós, ninfas do Coura onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!


Poema da "Mente" - autor desconhecido

Há um Ministro que mente...
Mente de corpo e alma, completa/mente.
E mente de modo tão pungente
Que a gente acha que ele mente, sincera/mente.
Mas mente, sobretudo, impune/mente...
Indecente/mente.
E mente tão habitual/mente, tão hábil/mente,
Que acha que, história afora, enquanto mente,
Nos vai enganar eterna/mente.

1 comentário:

  1. O problema Sérgio está nas estrofes 1 e 3. É que se eleitos foram, foram-no porque NÓS nos ovildamos, se por engano votamos foi muito possivelmente não demos (nunca damos) suficiente atenção ao que fazemos. Por outras palavras, se nos roubam é porque deixamos, se continuam no poder é porque deixamos se não têm vergonha é porque ninguém quer saber. Desconfio mesmo que secretamente muitos pensarão exactamente com o mesmo chico-espertismo. Esse é o dilema e o problema de base do nosso país. É por aí que temos de começar, não reduzir a discussão das coisas aos péssimos ministros que temos, aos políticos corruptos que toleramos. É assumir que na base do problema está o nosso "je m´en foutisme" ...

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