segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Deus, não existe. Se existisse não o permitiria.

Hoje estamos de luto.
Partiu deste mundo uma mãe de 34 anos.
Deus, não existe. Se existisse não o permitiria.
Este pequeno texto estava hoje no meu mail. Não vou revelar, claro, por respeito à dor de quem assim se sente, quem me enviou este texto, mas não consegui ficar indiferente perante o que li.
Ontem mesmo fui a um funeral de um Homem com pouco mais de 40 anos, vítima de um tumor do pâncreas, diagnosticado em Novembro passado e que em poucos meses o levou.
A cerimónia fúnebre, numa igreja cheia, foi linda, muito simples, calma, e sobretudo foi uma linda homenagem.
Este Homem e a sua família acreditam em Deus, sempre acreditaram, ele acreditou até ao fim e a sua família assim continua firme.
Este Homem dedicou a sua vida, depois de anos de toxicodependente, a ajudar outros. Além de constituir a sua família de criar os seus filhos, um deles já adulto, o outro ainda não, ajudou muita, mas mesmo muita gente. Ontem na cerimónia foi solicitado que quem tinha sido directamente ajudado por ele que se levantasse. Muita gente ficou em pé, muita gente testemunhou acerca do que foi a maior realização da vida daquele Homem. E eu sei que nem todos lá estavam.
Este homem partiu com fé, acreditando sempre que se Deus quisesse ele partiria e se encontraria com Ele, ou se Deus quisesse ele seria curado e permaneceria em vida entre nós. A esperança dele era a firmeza de que acontecesse o que acontecesse a vontade de Deus seria feita e para ele havia sempre, mas sempre, independentemente do desfecho, vitória.
Perante este caso eu olho para este caso da morte de uma mãe de 34 anos e só me entristece o facto de perante a morte, não haver esperança, não haver vitória, apenas se sentir derrota, desespero e sobretudo revolta. É triste que se encare a morte de uma forma tão dolorosa. Ela é dolorosa de facto, mas é uma realidade da vida, que se rege pelas suas próprias regras, regras biológicas, médicas, seja o que for. Quando existe uma interferência no decurso normal dessas regras existe uma excepção, uma coisa fora do normal, que para quem acredita se chama milagre. Mas isso são excepções.
O natural é haver o decurso da natureza, como podemos dizer que Deus não existe porque a natureza segue o seu curso? Podemos aferir se Deus existe é pela forma como encaramos a morte e sobretudo pela maneira como vivemos e o que fazemos com a nossa vida.
Podemos existir para nós e, mesmo andando, já estamos mortos, ou podemos existir para o próximo, e aí, tendo Deus em nós, transmitir Deus ao próximo, não pelas nossas palavras, mas sobretudo pela força das nossas acções.
Deus existe sim e existe mesmo, eu acredito sobretudo quando vejo vidas como a daquele Homem que ontem faleceu. Vida... Vida transmitindo Vida.
Servindo a Deus na pessoa do próximo.

1 comentário:

  1. Caro Sérgio,
    O teu comentário emocionou-me bastante. Também eu recebi no meu e-mail a mensagem a que te referes e fiquei muito consternada. Se partiu uma mãe de 34 anos deste mundo, significa que alguém ficou sem mãe e issso é muito doloroso e não há nada que ajude a superar a dor de uma perda assim se não o tempo, e quando digo superar, não me refiro a que a dor passe, simplesmente atenua-se.
    Entendi a parte da mensagem referente a Deus como um grito de dor e revolta perante esta injustiça, porque é suposto vivermos mais tempo, é suposto os pais acompanharem o crescimento dos filhos e também eu fiquei triste e senti a dor daquela pessoa.
    Nós não somos educados a conviver de forma natural com a morte, a morte é o fim, é o deixarmos de poder continuar a ver determinada pessoa, a morte prematura é dolorosa, muito dolorosa e difícil de suportar.
    Desconheço as causas que levaram à partida deste mundo desta jovem mãe, mas não consigo deixar de ficar indiferente e de lamentar profundamente.
    Voltando a Deus e à Mãe Natureza, se reflectirmos um pouco, também não era suposto que nós viéssemos a viver sob tanto stress e tanta pressão, expostos a elevados níveis de poluição e de ruído. Hoje não se vive, hoje sobrevive-se numa selva de "betão", com pessoas cada vez mais indiferentes, cada vez mais preocupadas com o relógio e com os seus afazeres.
    Quando fomos criados, era suposto comermos alimentos saudáveis, mas não é isso o que acontece, pois não?
    A depressão é a doença deste século, morrem cada vez mais pessoas jovens de ataques cardíacos, cada vez mais pessoas com cancro e a tendência pelo andar das "coisas" não me parece que vá melhorar!
    Em 1994 sofri um grande choque com a perda de uma pessoa que me era próxima, com 49 anos, que, infelizmente, colocou termo à vida. Durante a missa recordo as palavras do Senhor Padre que me confortaram quando disse, foi a sua Fé que a manteve cá tanto tempo, foi pela sua Fé que ela conseguiu chegar até aqui...
    Este é um assunto muito complexo, para o qual não estamos preparados e com o qual convivemos mal, eu peço muitas vezes a Deus que me mantenha por cá muitos anos porque gosto muito dos meus filhos e da vida. Quero viver o máximo de tempo possível e tenho a certeza que no dia 4 de Outubro de 2009 Ele me deu nova oportunidade...
    O homem anda a destruir o que Deus criou, por isso não devemos colocar as culpas Nele. É o que sinto, por muita dor e revolta que possamos sentir com a partida prematura de alguém...
    Abraço,
    Noélia

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