quarta-feira, 21 de outubro de 2009

O Génio Imbecil, Intolerante e Preconceituoso (e ainda por cima equivocado)


Sou uma daquelas pessoas que admira o génio literário de José Saramago, que se arrepia quando pensa na maravilha da escrita que é o Memorial do Convento, que olha e suspira perante a tremenda arte demonstrada no Ensaio Sobre a Cegueira, que são, para mim, as grandes obras de referência de José Saramago, e que justificam, também por si só, os prémios e reconhecimentos que tem recebido. Porém há algo que eu prezo muito, tanto quanto o direito à liberdade de expressão, que é o respeito pelo próximo, sobretudo naquilo que de mais íntimo existe na natureza humana, tal como a dimensão espiritual. E ofender não é direito de ninguém, ou ainda que o deseje fazer, que o faça para quem esteja disposto a ouvir, mas agredir, ofender publicamente e propositadamente é profundamente errado e revelador de mau carácter.
Identifico-me como evangélico, não sou católico, e revejo-me na posição da Aliança Evangélica Portuguesa acerca deste assunto, que no seu site, diz o seguinte: "Os evangélicos contam-se entre os portugueses que durante séculos foram privados da liberdade de expressão e por isso entendem o valor de tal direito como fundamental e inalienável. Por isso, defendem o direito de todas as pessoas a expressarem as suas ideias. A liberdade de expressão adquire ainda mais significado quando a reconhecemos àqueles que a usam para nos agredir e para defenderem ideias das quais discordamos absolutamente. Os evangélicos defendem que devemos ser tolerantes mesmo para com quem usa a liberdade de expressão para agredir as nossas convicções religiosas. A liberdade de expressão não foi concebida só para ouvirmos palavras agradáveis. Não é agradável ouvir-se a defesa de ideias que expressam ignorância, preconceito e agressividade acerca da Bíblia e acerca de Deus, mas temos presente que todo o homem é mortal mas que a Palavra de Deus é eterna."

Mas gostaria de deixar aqui mais alguns pensamentos.

O escritor José Saramago afirmou que o Deus da Bíblia é invejoso e insuportável. Para quem tem um relacionamento impessoal, religioso ou meramente filosófico com a pessoa de Deus estas palavras podem parecer meramente uma opinião, mais uma posição filosófica, mais uma demonstração de humanismo militante, ou até uma mera provocação, com objectivos comerciais ou outros. Mas para quem mantém com Deus um relacionamento pessoal e íntimo, convívio diário com a sua Pessoa, isto parece apenas agressividade gratuita, ofensa a alguém muito amado e querido. Ao mesmo nível que alguém sente quando chamam coisas pouco recomendáveis à mãe, ou ofendem um filho a quem se ama. Devemos entender que as nossas palavras produzem impacto nas outras pessoas e que estas têm direitos a, mais do que acreditar, a viver a sua espiritualidade. E isto é algo que José Saramago não entende, e como ele muitas outras pessoas, que apontam para quem crê em Deus e afirmam "Prove-me que Deus existe" e um cristão sincero responderá "Prove-o você, basta crer e querer e saberá naturalmente que Deus existe". Para um cristão bíblico, não falo de um cristão religioso ou católico, Deus pode ser experimentado, sentido, como uma realidade muito perto da realidade física, que basta querermos e crermos para que aconteça essa experiência única e pessoal com Deus. É a maravilha da fé depositada na pessoa de Deus.
Além disso dizer que o Deus da Bíblia é cruel e invejoso está ao mesmo nível das mentiras vinculadas pela IURD para extorquir dinheiro aos seus fiéis, pois é desenraizar os textos bíblicos dos seus contextos textuais e históricos e reduzir factos isolados a isso mesmo, olhando para eles com os olhos do homem do século XXI. Também é olhar para a Bíblia com um olhar plano e preconceituoso, pois é importante, sem condicionarmos o nosso pensamento num sentido ou noutro, olhar para a Bíblia de cima, vendo que todos os desenvolvimentos históricos seguem um plano, um plano que se desenrola diante dos homens ao longo da história.
O Deus da Bíblia não é cruel nem insuportável, bem pelo contrário, o Deus da Bíblia é um Deus de Amor e de Paciência, no termo bíblico, de longanimidade. Onde Saramago vê crueldade eu vejo ensino e plano, onde Saramago vê inveja eu vejo justiça.
É verdade que somos manipulados desde pequeninos, como disse o escritor, somos manipulados para não crermos em Deus, para acreditarmos unicamente no poder indestrutível do ser humano e para olharmos para as obras do homem como as únicas existentes no mundo, recusando a evidência que a natureza grita constantemente aos nossos ouvidos, de que Deus existe e é recompensador dos que o buscam.
Saramago não entende que raio de canal poderá ter existido entre os escritores da Bíblia e Deus, se Deus lhes estaria a sussurrar ao ouvido. Este é um belo exemplo da má vontade, da intolerância e pior, da ligeireza com que trata de assuntos importantes. Se Saramago se tivesse dado ao trabalho de estudar um pouco de doutrina cristã teria essa sua "dúvida" esclarecida. Mas claro que este só pretende atirar-se ao pescoço da Igreja Católica e por ela desacreditar Deus, a Bíblia e os Cristãos - nem Deus é a Igreja Católica, nem os Cristãos bíblicos são católicos, nem Deus deve ser tomado pelas asneiras dos homens. Mas voltando à inspiração divina da Bíblia: José Saramago deveria entender que Deus não ditou nem sussurrou as palavras que queria aos ouvidos dos escritores da Bíblia. Deus usou os conhecimentos de cada escritor - há alguns mais cultos que outros - Deus usou o contexto histórico de cada um - uns em cativeiro, outros durante o domínio romano - Deus usou até os devaneios e loucuras de alguns - como por exemplo de Salomão - mas usou tudo isso, todos e cada um dos escritores para escreverem aquela que era a sua vontade, sem erros, por forma a que tudo, mas tudo o que ficasse naqueles livros fosse facilmente identificado como sendo Palavra Inspirada Divinamente, ou Palavra de Deus. Pelo que os cristãos bíblicos vêm naqueles livros, não uma palavra de Deus, nem que contêm a palavra de Deus, mas como toda a completa e única Palavra de Deus. É um dogma da fé cristã? É certamente, mas baseado na evidência prática do plano histórico que encerram, na uniformidade linear dos pensamentos e princípios que defendem, bem como na evidência concreta e indesmentível da transformação positiva que esta mensagem tem em milhares de vidas que todos os dias se convertem ao Deus amoroso da Bíblia.
Por fim Saramago diz que antes de criar o Universo Deus nada fez, até que decidiu cria-lo. Na teoria alternativa, o Big-bang, também nada aconteceu à partícula que explodiu até que esta decidiu explodir. Ou será que foi até ter condições para explodir? e de onde veio essa partícula, veio do nada e apareceu cresceu até explodir? e surgiu de onde para depois explodir e do nada criar o universo? e sendo assim o universo iniciou-se aquando do big-bang ou quando apareceu essa partícula? Aos meus olhos a melhor ciência de Saramago é apenas uma questão de fé...
Saramago questiona-se ainda acerca das razões que levaram Deus a criar o Universo, o que queria Deus atingir com a criação do Universo. Bem quanto a isto tenho uma opinião que é apenas esta: Deus criou o Universo para criar o Homem, a coroa da sua criação. Porque era importante para Deus criar o Homem? Aqui é onde Saramago mais poderia ficar admirado: Deus criou o Homem por amor, para a existência do mais excelso e puro Amor. Deus criou o Homem, um ser inteligente e sobretudo com livre arbítrio, existindo numa dimensão diferente da espiritual onde Deus era (e é e será). Sim Deus existia rodeado de seres celestiais, criados por si, para o adorarem, também inteligentes, também com livre arbítrio, mas que existiam na sua dimensão, logo com a evidência da existência de Deus bem demarcada na sua natureza. Mas o Homem criado era diferente: vivia numa dimensão diferente, a que hoje chamamos de física, relacionando-se com Deus, onde o exercício do livre arbítrio seria efectivamente mais concreto, logo o amor que este ser magnífico tributaria para com Deus seria de uma outra pureza, de uma outra sinceridade, seria um amor maior e mais verdadeiro, por ser livre e espontâneo, natural, interior. Foi então apenas para que Deus amasse e fosse amado pelo Homem que o Universo e todas as coisas foram criadas. Obviamente que havendo liberdade esta poderia encaminhar-se para a rebelião. Foi o que aconteceu: o homem virou-se contra Deus e afastou-se d'Ele.
A Bíblia é apenas o explanar do plano de Deus para levar o Homem a reconstruir a sua relação com a divindade, de uma forma a que o amor pudesse ser restabelecido com sinceridade. E é apenas isso que Deus hoje espera de cada ser humano: Deus aguarda pacientemente que cada um de nós se vire espontaneamente e de livre vontade para Ele, pois só assim o amor é verdadeiro, quando é livre e sincero.
Dizer que Deus nunca mais fez nada é apenas uma coisa: estupidez. Certeza desta afirmação tenho quando vi tantos homens e mulheres, destruídos e estrangulados pela sabedoria e pela sociedade humana e que, diante dos meus olhos, foram reconstruídos, recuperados, sarados e devolvidos ao mundo, à vida. Gostaria de saber quantos compendêndios da sabedoria humana e das ideias comunistas que Saramago tanto propala alguma vez conseguiram transformar a natureza humana como a mensagem e a pessoa do Deus da Bíblia.

Apenas uma nota final para quem acha - como a ilustre eurodeputada Edite Estrela - que reagir contra as palavras de Saramago é sinal de intolerância: intolerância é alguém achar-se no direito de pronunciar todo o lixo que isso lhe vem à cabeça, intolerantes foram em si mesmas as palavras de José Saramago.

No final do blogue está um texto bíblico que é um sério conselho a quem diz o que Saramago disse, e, sem crueldades, invejas nem maus costumes.

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