sábado, 28 de fevereiro de 2009

António Costa e o Bloco de Esquerda


Durante os trabalhos do Congresso do PS, o Dr. António Costa lançou um violentíssimo ataque ao Bloco de Esquerda. Antes de entrar em considerações acerca do conteúdo das suas palavras importa analisar as suas motivações.
António Costa não atacou o Bloco por acaso, nem tão pouco apenas devido às situações que tem vivido na Câmara de Lisboa com o Bloco e o Sá Fernandes. Se estivermos atentos, este discurso vem na linha das palavras de Sócrates na abertura do Congresso. A verdadeira razão do ataque ao Bloco é porque este é o verdadeiro inimigo do PS na conquista de uma nova maioria absoluta. A direita do PS está esfrangalhada, a níveis tão baixos que é impossível descer mais, sendo praticamente impossível ao PS conquistar votos nesse espectro. Sendo assim o PS tem de atacar a sua esquerda, essa tem crescido, atacado cada vez mais os socialistas, até por dentro, com as cumplicidades mais ou menos públicas de Manuel Alegre com Louçã e sua companhia.
A verdade é que ao mesmo tempo que atacam a esquerda, o PS e os seus dirigentes têm de estancar a hemorragia que por esse seu lado o enfraquece, proclamando o respeito por Alegre, dizendo que o seu lugar é no partido. Na verdade Alegre nem sequer vai ao Congresso: declarações imediatas - O Manuel Alegre faz falta ao PS - como declarou José Seguro aos jornalistas, e que, quando questionado porquê ficou sem palavras, isto porque a única razão para tais afirmações é tentar estancar a ferida que poderia fazer perder votos para a esquerda, para o Bloco, tentando por todos os meios que Alegre, com os seus apoiantes, dispersem votos preciosos para a conquista da maioria. Presentemente Manuel Alegre tem um pequeno grupo parlamentar próprio, que se une a ele, e que Sócrates e a Direcção socialista, para garantirem o unanimismo desejado, podem ter de reforçar nas listas para as legislativas.
Se pensarmos bem Alegre e Louçã têm muito mais em comum do que Alegre tem com Sócrates: tanto Alegre como Louçã são figuras de esquerda, mas de uma esquerda que se desliga da realidade, vive num mundo da fantasia e da poesia, onde tudo se resolve com a utopia do colectivismo (ainda).
Mas vamos analisar então o conteúdo das palavras de António Costa. Este afirmou que o Bloco de Esquerda era um partido irresponsável, etc. Há muito tempo que afirmo, entre amigos, uma opinião muito semelhante, em relação ao Bloco, como a agora declarada pelo António Costa. O Bloco é como um grilo falante que gosta de falar mal de tudo e todos, levanta suspeitas, olha em redor com superioridade moral, arrogantemente defendendo uma seriedade absoluta, nunca desejando assumir qualquer tipo de responsabilidade, porque sabem que a partir desse momento deixam de poder colocar-se no poleiro da superioridade e criticar os outros, têm que sujar as mãos e trabalhar, trabalhar.
Sou militante de um partido que defende uma moralização na vida política, mas sem posturas moralistas e de superioridade, tanto que o alvo das campanhas do meu partido, nem são tanto os eleitores de esquerda ou de direita, apela sim aos desligados, aos desiludidos com a política, aqueles que habitualmente não votam, a esses sim importa conquistar, ganhar de novo para a vida política, levando-os a acreditar que a política não é esta actividade suja a que assistimos, pode ser uma actividade digna, pela qual a governação e o destino de todos se decide. Esse partido é o Movimento Mérito e Sociedade (MMS).

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