quarta-feira, 8 de julho de 2009

O exercício da política


Depois de ter olhado com tanta negritude para a política e para os políticos, há uma questão que parece gritantemente impor-se: afinal porquê fazer política, porquê estar na política, porquê querer ser "político"?
De toda a reflexão pessoal que fiz impõe-se apenas uma resumida conclusão: é apenas por uma questão de consciência.
Como? O que quero dizer com isso?
O meu interesse pela política já vem da minha adolescência, sem que disso tenha tirado qualquer consequência. Porém mais tarde, aos 19 anos de idade, tornei-me cristão evangélico. Do exercício da minha fé cristã, uma consciência social foi crescendo, quer em mim, quer no meu grupo de amigos. Dessa consciência social iniciei um período da minha vida em que dedicava todos os meus tempos livres às causas sociais, ligado sempre à igreja a que pertenci. O trabalho social foi crescendo, principalmente no apoio a toxicodependentes e suas famílias. Mas a envolvência com estas problemáticas sociais ainda nos fazia encarar e ver mais e mais necessidades, crescendo sempre dentro de mim e dentro de cada um desse grupo a que pertencia, a vontade e a urgência de intervir nessas outras problemáticas. Até que, desse crescimento, formámos uma instituição particular de solidariedade social, da qual fui eleito secretário da direcção. Iniciámos uma batalha, conseguimos alguns apoios, mas na hora h, outros que nos acompanhavam, não conseguiram encarar a urgência das necessidades e travaram o rápido avanço da obra, levando a uma dispersão desse grupo mais empenhado, chegando mesmo a desfazer-se mais tarde todo o trabalho até aí desenvolvido. No entanto a consciência ficou.
Ficou a consciência do próximo, das suas necessidades, das dificuldades encontradas em ajudar outros, na forma como o Estado engole tudo e não deixa nada, da forma como nós somos difíceis de mobilizar para uma causa, da dificuldade que existe na mudança de mentalidades. Ficou essa consciência.
Esta evoluiu, amadureceu e daqui surgiu a necessidade de me realizar pessoalmente na ajuda ao outro, ao próximo, ao cidadão. Como voltar para o trabalho social era algo que estava fora de questão, por motivos pessoais, a política, com o gosto pessoal que já tinha por esta, surgiu como a saída óbvia.
E é assim e só assim que entendo o exercício da política, como o serviço prestado à comunidade, seja local, regional ou nacional, procurando buscar sempre, não o proveito próprio ou do partido, mas sim o proveito do próximo, da melhoria da qualidade de vida de todos.
Bem sei que não é assim que a maioria dos políticos vê a política, mas apenas respondo por mim. E acredito que no meu partido a maior parte das pessoas estão nesse espírito, concerteza que com motivações, com histórias pessoais diferentes. Até porque quem procura projecção pessoal, viver e servir-se da política não se filia num pequeno e recém-criado partido, alia-se aos grandes e tradicionais que mais depressa garantirão o respectivo lugar desejado.

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