Este Código Penal, com esta alteração que vou mencionar, foi aprovada já em 2007, mas apenas há pouco tempo fiquei de facto alerta para esta realidade: a de poder ser preso por dar uma palmada a um filho meu.
Sim de facto eu sou um desses seres humanos cruéis e brutais que defende o direito de poder dar uma palmada num filho quando este se porta mal, e nenhuma outra forma de o acalmar ou corrigir resulta. É lindo ver nos centros comerciais e nas ruas as crianças a arrstarem-se no chão em birras intermináveis, apenas porque os intolerantes dos pais insistem em não satisfazer todos os desejos dos petizes, nem tão pouco podem usar um cruel e desproporcionado castigo corporal para acalmar e corrigir a sua criancinha.
Os legisladores, pensadores e estudiosos modernos estão a criar um mundo de gente mimada que não sabe ouvir um não, contribuindo para um mundo mais frio e distante, onde as relações humanas se tornarão cada vez mais difíceis, pois com este tipo de educação que nos querem fazer dar aos nossos filhos, eles tornar-se-ão egoístas, egocêntricos, totalmente incapazes de entender o outro e que os outros também são pessoas com desejos e vontades, pelo que não podemos, por não consegurimos, ter tudo o que desejamos - o que também contribui para o ecludir de uma geração frustrada e depressiva, enfim doente.
O inimaginável texto da lei diz o seguinte: "1-Quem, tendo ao seu cuidado, à sua guarda, sob a responsabilidade da sua direcção ou educação ou a trabalhar ao seu serviço, pessoa menor ou particularmente indefesa, em razão de idade, deficiência, doença ou gravidez, e: a) lhe infligir, de modo reiterado ou não, maus tratos físicos ou psíquicos, incluindo castigos corporais, privações da liberdade e ofensas sexuais, ou a tratar cruelmente; (...) é punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena mais grave lhe não couber por força de outra disposição legal."
Leia bem, se der uma palmada a um filho, ou se o colocar de castigo no quarto, privando-o de liberdade, pode ser punido com pena de prisão até cinco anos.
Nunca me tinha apercebido bem do alcance disto até há poucos dias. Numa certa tarde fui buscar o meu filho de quatro anos ao Colégio onde passa as horas diurnas. Quando me viu a mim e à mãe deu em desobedecer a tudo o que são as regras habituais do colégio. Começou a correr pela sala, e meter-se dentro dos armários onde se guardam as mochilas e os casacos, a bater com as portas, etc. Chamei-lhe a atenção, até levantei um pouco a voz, não muito dado o local. Agarrei-o e avisei-o para parar com aquilo se não iria sofrer um castigo. Ainda assim, conforme o larguei voltou ao mesmo comportamento, tendo mesmo ido contra a irmã, a minha filhota de dois anos, atirando-a violentamente contra os móveis e para o chão. Perante isto detive-o de novo mas desta vez dei-lhe uma palmada no rabo que o deteve de imediato. Perante isto ele parou, acalmou, apliquei-lhe o castigo, segundos depois estava agarrado a mim e pediu desculpa. Portou-se mal e só acalmou com uma palmada no rabo. Perante isto a auxiliar imediatamente alertou-me que não podia bater no menino, até porque no colégio havia CCTV e aquilo era uma violação à lei, eu não podia bater no meu filho mal comportado.
Que venha o psicólogo ou psiquiatra mais pintado dizer-me que errei, que lhe contraponho com factos como este: além disso os meus filhos distinguem bem quando a mão vai mimar de quando vai castigar - não façam das crianças animaizinhos estúpidos que elas não são.
Soube de uma história, não em Portugal, onde um homem esteve dois anos preso por dar uma palmada a um filho. Anos mais tarde, quando o filho era adolescente, este envolveu-se num assalto a um banco. A polícia foi pedir responsabilidades aos pais. O Pai, perante o sucedido declarou apenas que quando corrigiu o filho o penalizaram, não deixaram, agora não tinham o direito de lhe exigir responsabilidades. Tinha toda a razão.
Não sou nenhuma besta, mas em certas alturas uma palmada, ou até um castigo de algum tempo no quarto, podem fazer muito pela boa educação dos nossos filhos.
Esta lei ridícula chega a comparar as palmadas a ofensas sexuais e tratamentos cruéis, naquilo que me parece mais do que exagero, parece sim pura e profunda estupidez. Perdoem-me a crueza das palavras.
Desculpa Sérgio, mas em nota de rodapé, que claramente tu não leste, o que eles queriam dizer, era que não podias dar uma palmada a uma criança, com a mão direita se a estiveres a agarrar por um pé com a mão esquerda e a criança estiver de cabeça para baixo, porque o sangue veio-lhe todo para a cabeça e ao dares uma palmada á criança corres o risco de a pôr a sangrar pelo nariz. ( desculpa mas não consegui pensar num comentário mais ridiculo que a própria lei, só me saiu mesmo este..)
ResponderEliminarChamem-me advogado do diabo, mas parece-me que estão a exagerar. Senão vejamos: parece-me humanamente impossível distinguir em 3 ou 4 (ou 10!) parágrafos todas as ofensas físicas possíveis de todos os castigos justos possíveis.
ResponderEliminarOu seja, a meu ver, caberá ao juiz fazer uso da jurisprudência, coisa que me parece faltar em Portugal, isso sim.
Acho que só pessoas que ajam de má fé levam um pai ou uma mãe a tribunal por ter dado 1 ou 2 palmadas ao filho. E só um juiz extremamente incompetente acusará uma mãe ou um pai por um simples e justo correctivo.
Mas corrijam-me se estiver errado.
Cumprimentos.
Olá Vítor
ResponderEliminarAcontece que esta lei já existe semelhante noutros países, onde os país foram condenados por correctivos aos filhos. Além disso, como contei, já fui chamado à atenção para não o fazer por ser crime. Pior que tudo é se se faz uma lei que não servirá para nada então essa é mesmo uma lei estúpida.
Olá Sérgio.
ResponderEliminarDesculpa, mas só agora vi a tua resposta.
Parece-me que o problema assenta em duas bases: -A ideia implícita na sociedade de hoje que as crianças podem fazer tudo o que lhes apetece e que devem ter tudo o que querem (é, a curto prazo, mais fácil "educar" assim); -Se algum(a) pai/mãe for condenado(a) em casos semelhantes aos que aqui se abordam, isso até pode ser visto com normalidade, já que os melhores alunos de Direito das faculdades portuguesas são caçados pelas grandes empresas do ramo, logo à saída da faculdade, enquanto os alunos medianos e mais fracos continuam os estudos e tornam-se juízes (é claro que existem excepções, mas de uma forma geral é isso que tem vindo a acontecer: os mais recentes juízes são os antigos alunos com menores médias). Assim, a lei em questão só é um problema se existirem as duas vertentes atrás descritas.
A culpa continua a ser da lei? Parece-me que não...
Cumprimentos.