Esta não é uma frase catastrofista, nem tão pouco uma notícia de hoje, é aquilo que acredito ser uma notícia do futuro, algo que, permanecendo no actual rumo da governação, será uma inevitabilidade. Não será por falta de vontade dos governos ou dos políticos em geral, esta realidade acontecerá pura e simplesmente porque, permanecendo neste rumo, o dinheiro vai acabar.
Ainda ontem foi interessante ver o líder parlamentar do PCP Bernardino Soares defender o alargamento dos critérios e do prazo de atribuição do Subsídio de Desemprego, afirmações que me suscitam sempre uma interrogação: "Mas esta gente pensa que o dinheiro nasce nas árvores".
Meus amigos leitores, é impossível que o dinheiro dê para tudo, sobretudo numa situação crítica como a actual. E quando falo de situação crítica não me refiro apenas à crise em si, falo também do rumo que este sistema económico/social, nos está a levar: à falência.
Não duvidemos que cenários como o ocorrido na Grécia estão muito próximos de acontecer em Portugal.
Senão vejamos: estamos com um brutal endividamento, que segundo um recente estudo do BPI atingirá em poucos meses os 120% do PIB - ou seja tudo o que produzimos num ano e mais vinte por cento, está comprometido para pagamento de dívida; ou seja por ano sobra 20% o que significa que ao quinto ano temos num ano dois de dívida para pagar, sem contar com os juros sempre a cair - a isto junta-se a iminência de uma quebra no rating da República, o que levará a que nos emprestem dinheiro mais caro, logo a um disparar da inflação e com ela maiores dificuldades na sobrevivência do dia a dia; a isto devemos somar uma quebra dos impostos, por via do brutal arrefecimento da actividade económica, o que levará também a uma redução da receita da segurança social, numa altura em que os encargos desta aumanetam cada vez mais; a tudo isto ainda somamos um défice das contas do Estado de mais de 8%, levando a que estas estejam descontroladas, sendo exigível por isso uma contração das despesas do Estado. Com tudo isto se pensarmos que estes 120% de dívida externa e estes 8% de défice ainda não estão contabilizados com a despesa vindoura da construção do TGV, do novo aeroporto, das novas auto-estradas e da nova ponte sobre o Tejo, facilmente podemos perceber os níveis para onde esses índices vão disparar, o que vai levar, muito rapidamente à falência, ou muito perto disso, e teremos de nos encarar com uma realidade onde não haverá dinheiro para muitas coisas, de entre elas a protecção social será certamente uma das vítimas.
Realismo é o que falta à nossa classe dirigente. Aparentemente o PSD parece querer ser um fiel da balança e colocar-se diante do governo para negociar um compromisso de médio prazo para o controlo das contas públicas, mas duvido que consiga. Até porque as obssessões de Sócrates por vezes são incontroláveis.
A realidade mais uma vez é que o PS nos mentiu, José Sócrates é um mentiroso, tal como afirmou, talvez não tão taxativamente, João Salgueiro, mas esconderam-nos a verdade das contas, anunciaram as grandes obras como o remédio para todos os males, mas realmente apenas mentiram - afinal Manuela Ferreira Leite tinha razão, mas o PS ganhou: os protugueses continuam infelizmente a preferir confiar em quem mente com um sorriso, do que quem é sério e carrancudo.
Mas calma, o PSD não é nenhum santo de altar - como aliás ninguém, de hoje e de ontem, é - até porque, tendo um gastador e esbanjador como Alberto João Jardim à solta no partido, não têm grande moral.
Para mim a solução passa por uma profunda mudança de mentalidades e de classe política: pelo menos que quando nos mentem o saibamos reconhecer e corramos com essa gente.
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