Existe um país que é membro da União Europeia e que é governado por um engenheiro, acerca do qual, em certa altura, se colocaram dúvidas acerca dessa licenciatura em engenharia: questionou-se se ela própria não teria sido um excelente exercício de engenharia.
Adiante.
Nesse país, governado por esse engenheiro, numa outra altura da governação desse mesmo engenheiro, surgiram muitas dúvidas acerca da transparência das obras públicas, porque estas eram adjudicadas por um determinado valor, mas a derrapagem era prática habitual, levando a que essas obras custassem muito mais do que o inicialmente orçamentado.
Devido a essas dúvidas esse engenheiro e os seus coleguinhas de governo decidiram incumbir a um dos seus inúmeros institutos públicos (no caso concreto o Instituto da Construção e do Imobiliário), de criar um site na internet, onde os cidadãos desse país pudessem consultar e acompanhar o desenvolvimento dos processos de adjudicação e construção de obras públicas. Esse instituto, desse país, governado por esse engenheiro, dada a urgência do assunto adjudicou por ajuste directo com uma empresa a criação desse site, contrariando logo a transparência que esse site visava aumentar. Não contentes com isso, a empresa escolhida já tinha sido consultora do governo, desse engenheiro, acerca desse mesmo assunto, o que contariava todas as regras de transparência e a própria lei desse país.
Mas ainda assim a coisa avançou.
No entanto os pobres dos cidadãos desse país, governado por esse engenheiro, nunca conseguiram encontrar a dita informação que iria trazer transparência, nesse site da transparência, o que de transparente não tem nada, porque a dita empresa, escolhida pelo instituto, a quem o governo desse engenheiro incumbiu de fazer a coisa, nunca conseguiu colocar o tal site a funcionar "transparentemente", ou melhor dizendo, como deve ser.
Mas enfim, até aí ainda vamos.
Acontece por fim, e aqui está mesmo o fim da picada, que esse portal da transparência, criado para prevenir as derrapagens de obras públicas, está ele mesmo em derrapagem, pois a tal empresa, escolhida sem concurso pelo tal instituto, incumbido pelo governo desse engenheiro, já apresentou facturas de valor muito superior ao que havia sido orçamentado para a criação do dito site. Ou seja derrapagem no anti derrapante: lindo não é.
Por muito que isto pareça de um país de brincar, ou de uma república das bananas, este país chama-se Portugal. E, caso ainda não tenha chegado lá, esse engenheiro é o Primeiro-Ministro José Sócrates.
Mais uma: estamos mesmo "No país de Sócrates".
Sérgio,
ResponderEliminarNão temos que concordar em tudo para darmos valor ao trabalho dos outros. E eu admiro a forma como reges este espaço que se tornou uma das minhas referências a nível de blogues individuais de qualidade superior. Por isso, e eu sei que é irrelevante mas pronto, convidava-te a levantar o texto e o selo do prémio que tenho para te distinguir em:
http://ovalordasideias.blogspot.com/2009/06/premio-lemniscata.html
Um abraço,
Carlos Santos (espero que não te incomodes que nos tratemos por tu?)
Agradeço as tuas palavras e como sabes o respeito e consideração são mútuos.
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