quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Antes do o ser já o era

Tal como a pescada também a discussão sobre a Liberdade de Expressão e de Imprensa, levada a cabo pela Comissão de Ética, Sociedade e Cultura do Parlamento, antes de morrer já estava morta. Isto não espanta porque como sempre as discussões das comissões parlamentares, sejam de inquérito, sejam as comissões permanentes, nunca são consequentes. Claro que não quero ser acusado de defender que estas são inconsequentes sempre que não concluem o que penso que devem concluir, mas a verdade é que os relatórios finais são sempre inconclusivos por falta de evidências.

Também aqui vai acontecer o mesmo, mas aqui há um culpado de estar a impedir a discussão elementar do assunto, por tentativa clara e assumida de recentrar a discussão: ou seja o PS assume, ainda hoje se ouviu a deputada Inês de Medeiros a afirmar que a ideia é fazer desta discussão sobre a liberdade de expressão e de imprensa numa discussão sobre a comunicação social em geral, e, o exercício do jornalismo, as suas condições de trabalho, etc.

Aliás assisti hoje a um exercício muito interessante da parte de um Vice-Presidente da bancada parlamentar socialista em que este recusava uma inquirição baseada em diz que disse, condenando as insinuações e afirmações pouco claras, deixando logo a seguir um desafio aos ouvintes para que tentassem saber quem são os donos do semanário Sol e entender por aí se não haverá outras motivações por detrás das denúncias apresentadas. O deputado socialista quis fazer o exercício que condenava aos outros: recusando a matéria de facto que o Sol apresentou, bem como outros órgãos de informação, pretende que se deduza então um processo de intenções e suspeições e até de conclusões a partir do conhecimento de quem são os proprietários de um jornal.

A coisa atingiu o risível quando ao ouvir estas declarações um cidadão se recorda das afirmações de Sócrates de que não valia a pena controlar, ou comprar, jornalistas, o melhor era mesmo controlar ou influenciar os patrões. Sócrates abriu a caixa de pandora, querendo usá-la em seu favor, mas como o feitiço se virou contra o feiticeiro quer virá-la contra os outros. Ridículo.

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