quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Mário Crespo e os limites da liberdade


Este é o título de um texto do Henrique Monteiro no site do expresso. Por ser tão certo, acutilante e ao mesmo tempo equilibrado, apesar de já toda a gente o ter lido, creio ser essencial, pelo menos para mim, publicá-lo aqui.


Sou amigo do Mário Crespo há muitos anos e tenho-o na conta de um homem independente e sério, o que não significa que partilhe muitas opiniões com ele, ou que entenda que ele é um modelo de jornalismo. Também não acho isso de mim próprio, ou de ninguém em particular.
A liberdade é a coexistência de modelos e não a imposição de um em concreto.
Ao longo de mais de 30 anos de carreira jornalística - e nesse particular sou mais antigo do que o Mário - não me lembro de um cronista ser dispensado depois de a crónica estar pronta a ir para a oficina. E o que isto significa é que os limites da liberdade estão mais apertados do que nunca.
Tenho o director do JN, José Leite Pereira, na conta de um bom profissional e de um homem independente e sério. É jornalista há muitos mais anos do que eu, tem uma experiência considerável. Não creio que ele se impressione com uma crítica a Sócrates, como não creio que ele exigisse gratuitamente a Mário Crespo uma confirmação independente de fontes. Provavelmente, não o faz (nenhum de nós o faz) quando, em vez de Sócrates, está um outro cidadão qualquer em causa.
Porém, no caso do primeiro-ministro as palavras são relevantes, já que proferidas por quem tem a responsabilidade do poder executivo neste país. É certo que a conversa pode ser considerada privada, mas é igualmente certo que o bom-nome de Mário Crespo foi atacado de forma pública, ou jamais seria ouvida por circunstantes que nada tinham a ver com a conversa.
O que se passa, então?
Posso tentar avançar uma explicação: Mário Crespo tornou-se incómodo para Sócrates (e até para Cavaco, que denunciou em algumas crónicas), e a sua incomodidade estava a deixar o próprio José Leite Pereira numa situação difícil. Por isso o director do JN recorreu a um excessivo escrúpulo jornalístico para resolver a questão. E decidiu não publicar a crónica.
Não posso condenar José Leite Pereira, não é do meu timbre julgar os outros. Apenas posso dizer que este é o panorama da nossa Comunicação Social: Grupos que dependem do poder do Governo, patrões que pressionam directores e editores até à exaustão, cronistas afastados por serem incómodos e uma multidão de lambe-botas que, prudentemente se cala ou arranja eufemismos para tratar a questão.
Tenho em comum com Mário Crespo o facto de trabalharmos num grupo onde nada disto acontece (felizmente não será o único). Talvez não estejamos inteiramente preparados para o mundo 'lá fora', onde as palavras têm de ser medidas, onde não se pode escrever preto no branco, como aqui faço, que Sócrates é o pior primeiro-ministro no que respeita à Comunicação Social; o único que telefona e berra com jornalistas, directores, com quem pode. O único em que nestes mais de 30 anos que levo de vida jornalística, se preocupa doentiamente com o que dizem dele, em vez de mostrar grandeza e fair-play com o que de errado e certo propaga a Comunicação Social.
Lamento dizê-lo, tanto mais que é nosso primeiro-ministro e seguramente tem trabalhado muito e o melhor que sabe.
Mas é a verdade, e num momento destes a verdade não se pode esconder.

2 comentários:

  1. Sérgio Bernardo disse: «Caro Diogo, claro que fui ver o vídeo que indicou sobre Jesus. Mas ao contrário do que possa pensar de mim, não sou exactamente um ignorante acerca destas matérias, e, para qualquer pessoa minimamente informada aquele vídeo é facilmente desmentível. Todo o vídeo parte de um princípio, que ao ser desmontado, destrói assim todo o restante raciocínio que a seguir se desenvolve: embora se comemore o Natal - o nascimento de Cristo - a 25 de Dezembro, este não aconteceu de facto a 25 de Dezembro; pensa-se mesmo, que não sendo conhecida a data certa, este terá ocorrido por alturas da Primavera, Verão, porque, de entre outros factores, era a altura em que os pastores de noite apascentavam rebanhos, coisa que no Inverno era impossível. Desmontado isto, tudo o resto cai, mas ainda lhe posso deixar mais alguns factos que desmentem o vídeo. »

    Diogo: Caro Sérgio, «embora se comemore o Natal - o nascimento de Cristo - a 25 de Dezembro, este não aconteceu de facto a 25 de Dezembro; pensa-se mesmo, que não sendo conhecida a data certa, este terá ocorrido por alturas da Primavera, Verão». O vídeo defende que não existiu Cristo nenhum e que todos os deuses solares «nasceram» no solstício de Inverno. Que fontes apresenta você para a existência de Cristo e para o seu nascimento na Primavera-Verão?


    Sérgio Bernardo disse: «Acerca do facto de os três Reis que estudavam as estrelas serem estrelas eles mesmos, a forma mais elementar e historicamente comprovável de que se tratavam de pessoas reais, foi que o rei dos judeus da altura mandou assassinar todas as crianças do sexo masculino com menos de uma certa idade. Isto aconteceu após a visita dos Reis, pois os judeus daqueles tempos, por imposição do Antigo Testamento, não estudavam as estrelas. »

    Diogo: ???. A sua fonte é exclusivamente a Bíblia?


    Sérgio Bernardo disse: «Quanto à crucificação este é um facto histórico relativamente comprovável, embora se possam sempre questionar as fontes. Mas creio que a evidência maior dessa realidade foi que, perante tais factos, e ainda sob ameaça de exclusão social e morte, os judeus continuaram a converter-se e a espalhar a nova fé, com base nesse facto, que, se não fosse conhecido entre todos, teria caído no descrédito e nunca tomaria as proporções mundiais que tomou. »

    Diogo: Comprovável na Bíblia?


    Sérgio Bernardo disse: «Outra mentira, ou erro que o vídeo propala é de que Jesus, tal como os outros chamados "messias solares" teria ascendido aos céus logo após ter ressuscitado. Isto é falso: o texto bíblico deixa bem claro que Jesus andou na terra ainda por alguns dias, foi visto por muita gente, operou mais milagres e quando ascendeu foi em público, não numa qualquer forma secreta só para iluminados. »

    Diogo: Já percebi que a sua única fonte histórica é a Bíblia! Que historiadores, políticos ou pensadores da época referem o assunto?


    Sérgio Bernardo disse: «A única grande verdade que afirma é quando diz que a cruz não é um símbolo do cristianismo: não o é de facto, foi introduzido no cristianismo por influência pagã, porque o símbolo original e histórico do cristianismo é um pequeno e rudimentar peixe, que n tem qualquer influência astrológica, ao contrário do que algumas escolas de new age querem ensinar, mas era sim uma alusão àqueles que tinha assistido aos milagres de multiplicação de peixes, entre outros, como da rede e pesca, etc. de Jesus. Como vê os factos que uns querem apresentar como tão verdadeiros são apenas uma outra forma de Fé, de transviada fé. »

    Diogo: Não há dúvida. A sua única fonte histórica são os evangelhos.

    Abraço

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  2. Caro Diogo
    Caso não tenha reparado no vídeo em questão, todas as conjecturas feitas também não têm base histórica nenhuma, são dadas como tal, mas se as esmiúçar mais um pouco verá que não tem sustentação nenhuma, a não ser um ponto de vista religioso da astrologia.
    Se duvida da veracidade histórica dos relatos bíblicos, aconselho-o a ler os escritos de Flávio Josefo e outros escritores contemporâneos do princípio do cristianismo. Aliás muitas das certezas que hoje temos como históricas daquele período e anteriores são de fontes históricamente bem menos credíveis e comprováveis do que as dos evangelhos. Além disso creio que o argumento maior que poderá comprovar a veracidade dos relatos evangélicos é o facto, que já mencionei anteriormente, do cristianismo ter crescido exponencialmente como cresceu, apesar da perseguição e perigo de morte, permanecendo vigoroso até hoje. Coisa que certamente não aconteceu, nem acontecerá, com nenhum dos outros "messias solares".
    Mais uma coisinha: não sei porque acha mais credível a fonte que diz que o Cristo, enquanto "messias solar" teria "nascido" no inverno, e, não aceita as evidências bíblicas de que assim não foi.
    Pois é cada um acredita no que lhe dá mais jeito não é.

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