Li no blogue A Torto e a Direito uma crónica da Constança Cunha e Sá, onde esta defende que toda esta onda em torna da liberdade de expressão é apenas um ataque histérico de gente que procura todos os motivos para atacar José Sócrates. Ela dá o exemplo de que para esses histéricos radicais anti-Sócrates no caso Mário Crespo uma conversa privada podia servir para um artigo público, enquanto no caso das Escutas a Belém um mail privado já não devia ter sido divulgado.
Aparentemente ela tem toda a razão, acontece que, pelo menos para mim, Cavaco e Sócrates podem ser os dois enfiados no mesmo saco, embora eu veja, no futuro próximo, muito menos alternativa a Cavaco do que vejo a Sócrates.
Aliás toda a argumentação de Constança Cunha e Sá redunda no facto de não haver alternativa a este "famigerado governo", como ela afirma.
Porém a alternativa está, acredito eu, a ser confundida com alternância, e essa, como em 35 anos de democracia já vimos, não resolve absolutamente nada.
Mas o mais curioso das considerações desta crónica são as seguintes:
"Mas se a liberdade de expressão está, de facto, em causa, não se percebe porque é que a Oposição, nomeadamente, o PSD do dr. Rangel, não tira daí as devidas consequências e apresenta uma moção de censura na Assembleia da República. Ou, melhor, percebe-se: porque a Oposição sabe que, por pior que seja o eng. Sócrates, não existe qualquer alternativa ao seu famigerado Governo."
Será que no PSD há assim tanta consciência de que não são alternativa ou têm sim consciência de que o exercício de auto-comiseração do Primeiro-Ministro poderia garantir-lhe uma nova maioria absoluta que ninguém deseja. É que o português gosta sempre de se sentir o protector dos fracos e oprimidos, ainda que estes lhes estejam a arruinar a vida, como é o caso do Eng. Sócrates. Acreditar que não há alternativas é menosprezar os outros partidos, sobretudo o PSD, mas acima de tudo o próprio PS, é o mesmo que dizer que o PS é Sócrates e nada mais. É pouco, muito pouco para um partido que quer ser governo mais quatro anos estar limitado a um só homem.
Será que "apelar ao Presidente da República para que demita o primeiro-ministro, na situação em que o País se encontra, seja um exercício fútil que dificilmente pode ser levado a sério. Ou seja mais um sinal da histeria que por aí abunda."
Será que não é antes um sinal de vivência e de vida de uma sociedade civil que começa a reclamar o seu direito a existir e a uma intervenção política e cívica que, o colectivismo cultivado nos últimos anos, tem procurado insistentemente asfixiar, enquanto nos discursos, de forma hipócrita, afirmava querer estimular. Estamos perante uma histeria ou uma tomada de consciência. E quando gente se manifestou na rua contra a nomeação de Santana Lopes para Primeiro-Ministro, ou quando se fez cair um governo com maioria absoluta no parlamento por muito menos do que se está a ver hoje, também se estava a assistir a uma histeria colectiva?
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