quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Não há pressões, é tudo normal. Crime não é, mas indecente...

José Sócrates pressionou o director do "Expresso" para não publicar notícia sobre licenciatura - Media - PUBLICO.PT

Não creio que seja nada de grave um político telefonar para um jornal ou televisão a expressar desagrado acerca de uma notícia. Perante uma notícia não publicada (o que me admira é como dois dias antes da publicação do jornal o Primeiro-Ministro já sabia do conteúdo do jornal, mas adiante) querer emitir um desmentido ou apresentar uma correcção dos factos da notícia, parece-me ainda plausível. Pedir, ou exigir - não estou a dizer que o PM exigiu - que uma determinada notícia não seja publicada é que já não me parece assim tão natural. Além de ficar a nítida sensação de que se quer esconder alguma coisa, é uma pressão incrível ter o titular de um órgão de soberania a querer condicionar uma notícia.
Creio que por muito que se queira tapar o sol com a peneira é verdadeiramente notória a degradação da condição política de José Sócrates para se manter no Governo. Não sei como isto é possível num país democrático, aliás, parece-me que este caso é mais um sintoma da impressionante debilidade que ataca os fundamentos do Estado de Direito Democrático: o sistema judicial, o sistema político/partidário e o Governo e a sua esfera de acção.
Tenho muito medo de devassas de vida privada, de revelação de escutas, de intromissões abusivas, mas a verdade é que perante as revelações feitas e desmentidas apenas em tom de cassete, sem apresentação de provas contrárias, quando a comprovar o dito pelos jornais há escutas e transcrições de escutas, a margem de manobra dos envolvidos é muito pouca.
Como um amigo meu insistentemente diz, se o Nixon fosse Presidente de Portugal, nunca se tinha demitido e Watergate não era crime, nem tão pouco ia além do razoável na luta partidária.

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