terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

Cerrar fileiras


Sócrates empenha-se a alimentar a unidade do PS - Política - PUBLICO.PT

Perante os ataques que têm sido desferidos contra si, bem ao estilo do velho animal feroz, José Sócrates, o Secretário-Geral do PS vai esta semana procurar cerrar as fileiras em torno da sua pessoa. Seria quase impensável que o sanguíneo Sócrates não tentasse reagir aos ataques, mas sobretudo ao início do surgimento de vozes dissonantes dentro do aparelho dos socialistas. Em vez de se render, de pensar em dar lugar a outro, Sócrates prefere o ataque, ou melhor o contra-ataque, a reacção, levando a uma união socialista, mais de vender para fora do que para consumo interno. Aliás isto servirá apenas para abafar ainda mais um PS que pouco ar tem fora do "socratismo", de que a falta de alternativas, perante a generalidade da opinião pública, a uma eventual saída de Sócrates, parece uma evidência gritante. Provavelmente os socialistas estão a preferir o lugar de refúgio, que parece seguro hoje mas pode-lhes sair muito caro no futuro.
Mas na minha opinião isto é só mais uma demonstração das prioridades de interesses a que os senhores da actual política tradicional portuguesa procuram acudir. O primeiro interesse a servir é o pessoal, depois é o do grupo de interesses no qual se movem, após isso vem o interesse do partido e só no fim vem o interesse do país. Esta é a forma como a generalidade dos partidos e dos políticos funciona, o que é um real empobrecimento da nossa democracia, que se desmanchou numa oligarquia de partidos, ou poderemos mesmo dizer de uma determinada classe que mina todos os partidos.
Perante este panorama não consigo perceber como ainda há pessoas que pensam em aderir a partidos como o PS, o PSD, o CDS, o PCP ou o BE, pois estes estão enquistados num serventilismo do seu grupo de interesses, dificilmente observando a realidade com olhos de ver. Para mim só faz sentido hoje a militância política fora dos partidos tradicionais e no âmbito de um movimento político novo, sem vícios, que podemos ajudar a formar e a construir para que estas situações sejam preventivamente debeladas. O efeito profilático é o melhor para alcançar a transformação política de que o país necessita, desconstruindo a nossa democracia partidocrática em favor de uma democracia inclusiva dos cidadãos e da sociedade civil. É crucial, para mim, entender a política como o espaço da primazia do interesse do colectivo, beneficiando a vida do indivíduo, sem colectivismos absurdos e utópicamente perigosos, mas percebendo o espaço de liberdade de cada indivíduo para construir o seu caminho, e, aí lutar por uma nova perspectiva, fazendo do primado do interesse do país, demonstrando-o pela prática e não pela dialéctica, nem pela verborreia, o primeiro dos interesses a ser atendido.

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