quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Revoltante de todo




Na sequência do artigo anterior, o i complementa com o artigo acima. O revoltante da história é que o nosso inútil sistema judicial não serve em geral para nada, é ineficiente e chega tarde e a más horas para cumprir a sua função. A excepção é quando está ao serviço de alguma grande cabeça deste país, como é o caso: "Rui Pedro Soares, administrador da PT, interpôs uma providência cautelar para impedir o semanário SOL de publicar o conteúdo das escutas do processo Face Oculta onde aparecem conversas entre o primeiro-ministro, José Sócrates, e Armando Vara."

Revoltante é a palavra, porque os dois oficiais de justiça permanecem à porta do Jornal SOL à espera de um dos três destinatários da providência cautelar: o director, José António Saraiva, e duas jornalistas, Felícia Cabrita e Ana Paula Azevedo.

Pelos vistos, como dizia Jorge Coelho, ainda continua a levar quem se mete com o PS.

A bem da nossa democracia, se não fosse crime, sugeria que alguém atirasse uma pedradas aos oficiais de justiça para que fossem para longe, mas não o faço, porque como disse, isso seria crime, e isto é só uma força de expressão.

2 comentários:

  1. Permito-me discordar no quasi apelo à desobediência pois o mesmo é inútil. Vistas bem as coisas, andamos em ópera bufa há muito tempo.
    Para bem esclarecer, apesar de socialista afectivo e ter votado Sócrates, pessoalmente aborrece-me ver que o homem persiste em ter falhas clamorosas de carácter. Mais, se fosse a ele amanhã dirijia-me a Belém e entregava as chaves.
    Por questões de decência, amor próprio e a ver se acabava por aí o fragor. Das galdérias e galinhas.
    Feito o registo de interesses, considero que um cidadão que não é arguido num processo judicial tem direito a ver preservada uma esfera mínima de privacidade (o tal administrador da PT que eu nem sabia que existia); se exercer esse direito é um acto de censura, então acabem-se com as providências cautelares (aliás, se não me falha a memória, ainda recentemente creio que Manuela Moura Guedes ameaçava recorrer a uma por causa do seu bom nome); andam por aí umas púdicas e uns púdicos a dizer que vivemos em "estalinismo" e em "censura" mas esquecem o real significado das palavras e das práticas; as instituições não funcionam no seu todo e nalguns casos o Sócrates culpa nenhuma terá: Pinto Monteiro teve uma semana para impedir mais esta violação do segredo de Justiça e fez zero; o Presidente do Supremo Tribunal de Justiça (que não é um badameco qualquer seja ele Noronha do Nascimento ou Sérgio Bernardo ou Ferreira-Pinto) ordena uma coisa, o juíz em Aveiro não cumpre porque diz que o PGR não entrega e este não entrega porque ninguém sabe; ao Crespo diz-se que censuram um artigo baseado muito no ouvi dizer e disseram-me que mas não se percebe porquê quando este ainda recentemente pôde chamar palhaço ao Primeiro-Ministro do Governo da República Portuguesa; misteriosamente o artigo da censura vai parar às mão da editora do Crespo, a deputada Zita Seabra, que misteriosamente o entrega a um assessor do PSD que o publica num site do PSD e o faz chegar à blogosfera não só pela blogue em que trabalha mas pelos conhecimentos que tem na Comunicação Social; hoje na SIC viu-se a cara de satisfação com que Clara de Sousa anunciava e lia o comunicado do SOL quando antes se enfastiava com Noronha do Nascimento que não lhe aparava o jogo ... e se necessário for ainda se arranja mais qualquer coisa. Mas, insisto, culpa tem Sócrates que, para começo, devia ter mais cuidado com os amigos que arranja. Que se vá embora, já. Que deixe vir outros. O paraíso não regressará e daqui a dois meses cá estarei para ver os que ficaram de fora da gamela do poder a insurgirem-se agora contra os novos senhores. Já o fizeram com Cavaco, com Guterres, com Barroso, com Santana e com Sócrates. Já sabem como se faz!

    ResponderEliminar
  2. Caro Ferreira-Pinto seja bem vindo à textura
    Creio que toca no ponto essencial: uma conversa privada deve manter-se privada enquanto não tem esta relevância criminal. Ora proponho-lhe o seguinte exercício: um determinado indivíduo bem relacionado é acidentalmente apanhado numas escutas policiais a confessar um crime, digamos um homicídio; o magistrado faz retirar certidões para prender e julgar esse indivíduo por esse crime; mas como o mesmo é bem relacionado consegue, directamente ou por interposta pessoa, como o administrador de uma grande empresa, extremamente influente, que esse magistrado responsável por validar as escutas o não faça, ordenando a sua destruição; imaginemos ainda que um determinado funcionário que teve o processo nas mãos, que ouviu as ditas escutas, se sente talvez um pouco indignado com isto e faz com que essas escutas se tornem públicas, apontando assim a evidência de um crime grave se tentava ocultar - o que deve prevalecer aqui?, o direito à privacidade das escutas que tinham sido consideradas criminalmente irrelevantes, ou o cometer efectivo de um acto grave?
    É toda esta a questão.
    No caso de Sócrates com a lata de dizer publicamente que controlar jornalistas sou pelo controle dos patrões, etc. Por ele ser desbocado e sem carácter é que eu não duvido nada que tenha feito a conversa que o Crespo afirma. Mas aqui o caso é outro. O problema com o Crespo não foi o facto de haver um artigo jornalístico com base em mexericos, apenas porque aquele não era um artigo de jornalismo, mas sim de opinião, onde apenas o Crespo podia sair mal, mas com a censura do director do JN, a coisa tomou outras proporções.

    ResponderEliminar

Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.