Numa discussão entre amigos encontrei-me a discutir acerca da independência do jornalismo, ou da comunicação social portuguesa. Surgiram dois pontos de vista: qual seria o melhor modelo, seria o dos meios de comunicação apoiarem abertamente algum político, ou facção, como acontece nos Estados Unidos, ou na França, onde os jornais e até as televisões apoiam abertamente candidatos e partidos, ou assumem ser conservadores ou mais liberais; em contrapartida o outro ponto de vista era o que acontece em Portugal, onde todos os órgãos de comunicação social proclamam a sua independência, mas depois na prática vemos que existem sempre tiques e balanços que levantam sempre dúvidas acerca da veracidade dessa alegada independência.
Sempre pensei que o nosso jornalismo era de grande qualidade, onde a independência era o valor mais comum, dúvidas apenas quanto à autonomia da RTP no tempo de Cavaco Silva como Primeiro-Ministro, e que, agora de novo se tem levantado. Aparentemente sempre achei exagero e teorias da conspiração infundadas, mas perante certas análises, observações feitas por indivíduos assumidamente de tendência partidária definida, essa influência governamental na televisão do estado me parece sobremaneira evidente.
Claro que existe mais do que a RTP no meio da comunicação social portuguesa, mas será que aí, no restante, existe independência?
Antes de responder a essa pergunta gostaria de voltar à dúvida inicial, acerca dos dois modelos possíveis. Dado, como indiquei anteriormente, que sempre achei que os jornalistas até eram independentes, apenas recentemente me apercebi que, salvo honrosas excepções, onde não posso deixar de mencionar a qualidade e independência da instituição jornalística que é o jornal Expresso, que não era bem assim - o jornalismo português estava contaminado por influência e manobras políticas de uma forma abundante.
Tenho criticado neste blogue a partidocracia, a forma como o regime dos partidos substituiu a democracia, e tenho verificado que, tristemente, a comunicação social tem contribuído sobremaneira para a perpetuação deste regime. A verdade é que desde que me tornei militante de um pequeno e recente partido - o Movimento Mérito e Sociedade - me tenho apercebido ainda mais desta cumplicidade entre os partidos do regime e a comunicação social.
Nas últimas semanas este partido realizou um protesto junto da Caixa Nacional de Aposentações, pois solicitou uma lista dos benefícios e reformas pagos a antigos titulares de cargos políticos, que lhe foi recusada, o seu Presidente, o Professor Eduardo Correia, tomou posse após eleições directas, entre outras iniciativas, e a comunicação social nada disse, nada anunciou, preferindo falar da Sra. que no meio do nada mordeu no cão ,que tinha ameaçado a avó, que tinha raptado a neta da filha que se tinha perdido há 10 anos - ou seja o sensacionalismo oco.
Esta cumplicidade entre a comunicação social e os partidos do regime, leva também a que, mesmo entre estes, haja rivalidades e preferências, servindo de caixa de ressonância mais para as opiniões e propostas de uns do que de outros, pelo que é evidente, de formas cada vez mais diversas, a falta de independência dos nossos jornalistas. É triste, mas por tudo isto começo a mudar a minha opinião que provavelmente é melhor que cada meio de comunicação apoie concretamente um partido ou um candidato, levando a que quando se acompanha aí um noticiário, ou se lê uma notícia, já se sabe qual a tendência desse meio de comunicação. Sempre é melhor tudo às claras do que cheio de zonas cinzentas.
O Eng. Sócrates criticou a campanha negra da comunicação social, mas devia era de se queixar da falta de isenção da mesma, porque aí, aí provavelmente o caso Freeport já não iria servir para o número de vitimização que tem apresentado, mudando o valor da mensagem do mérito das políticas para o demérito dos jornalistas.
Mas a verdade é que. mais do que tudo há uma cumplicidade enorme entre os agentes do costume, com conluío com o objectivo de manter sempre as mesmas moscas.
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