domingo, 1 de março de 2009

Sócrates o mestre da Partidocracia


Hoje terminou o congresso do PS, como de costume, com um discurso eleitoral do seu Secretário-Geral. Perante o discurso proferido a revolta foi imediata, pois foi incrível a forma como José Sócrates bamboleou entre o ser Secretário-Geral do PS e o ser Primeiro-Ministro de Portugal.

Revolta é um sentimento forte, mas é demais ouvir o Eng. Sócrates a anunciar medidas governativas no congresso do seu partido. Como é possível, como é que não levanta mais indignação o facto de os partidos cada vez mais se confundirem com o estado. Afirmei num texto meu anterior que "Partidocracia: a ditadura, ou melhor, o regime de governo dos, pelos e para os partidos."

Sócrates iniciou o congresso a revelar a sua personagem preferida "Sócrates O Calimero", depois o António Costa ataca o Bloco e de novo Sócrates anuncia Vital Moreira como cabeça de lista às europeias, para rematar anuncia uma série de medidas sociais do governo, como as bolsas para estudantes entre os 15 e os 18 anos. Será que esta série de eventos não incomoda mais ninguém: mais do que revelar a efectiva viragem à esquerda do PS, se bem que ninguém pode acreditar que será assim na efectiva acção política, revela uma mistura asquerosa do estado com o PS - esta mistura não é característica apenas do PS, quando o PSD, ou a coligação PSD/PP estiveram no governo assistiu-se ao mesmo fenómeno.

Incomoda demais que o Líder de um partido possa anunciar, num evento puramente partidário, medidas de governo. Isto só pode enojar e por aí afastar muita gente.


José Sócrates fez um exercício de puro desbarato político: manobra a governação, manipula o orçamento de estado, retira e oferece aqui e ali, conforme os ventos eleitorais sopram. Viu-se quando das últimas legislativas, depois da tristeza de governação de Santana Lopes, antecedida da saída algo apressada de Durão Barroso para a Comissão Europeia, em que o país ansiava um governo sólido, com coragem de apertar e liderar, com um personagem de perfil autoritário, que entregasse ao governo uma imagem de força e determinação. Aí a colagem clara do PS ao centro direita. Agora, com uma crise económica a devastar o país, a derrubar governos pelo mundo, o PS cola-se à esquerda, numa tentativa de manter a sua maioria absoluta, porque é para aí que as vítimas da crise estão a fugir à procura de refúgio. A esquerda promete resolver os problemas pelo gasto de dinheiro em causas sociais, muitas sem nexo e mais destrutivas do que construtivas, mas facilitistas, porém parecem sempre ser as soluções melhores, por serem as que exigem menos esforço. Acho vergonhoso que todos estes anos a pedir aperto aos portugueses agora use essa margem orçamental, que tanto nos custou, a ser usada desta maneira despudorada para fazer campanha eleitoral.


Podemos mesmo avaliar até a utilidade prática da medida anunciada. Não existem medidas mais urgentes. Não anunciou a Dra. Manuela Ferreira Leite propostas que, aumentando o défice orçamental, na verdade são mais estruturantes do que estas bolsas? Claro que estas medidas sonantes são muito mais publicitárias e de impacto, porém vazias, sem estarem inseridas numa linha de governo, mostrando que a governação está ao serviço do partido e não ao serviço do país.


Apelo aos que não votam, aos afastados da política, que se envolvam, se revoltem e votem em quem quer acabar com esta Partidocracia e esta vergonha de mistura entre o estado e os partidos.

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