domingo, 29 de março de 2009

Pacheco Pereira e a comunicação social


A seguir reproduzo um post de Pacheco Pereira no seu blog Abrupto.

No Correio da Manhã a notícia é esta:
A presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite, voltou ontem a insistir na criação de um fundo de emergência social para apoiar as instituições que estão a acudir às situações de carência originadas pela crise.
No Público a notícia é esta:
Ferreira Leite fala em sucessão de factos no caso Freeport e pede esclarecimento rápido.
No Diário de Notícias a "notícia" é esta:
Manuela Ferreira Leite queixou-se de não ser ouvida pelo País, num momento em que o corre de lés a lés em numerosas iniciativas. Os polítólogos consultados pelo DN dizem que ela continua a rejeitar as regras do espaço mediático e que concorre com uma hiperprofissional máquina de José Sócrates.
O artigo é mais um artigo de ego e eco, o enésimo vindo no Diário de Notícias, cuja conclusão só pode ser "contrate uma agência de comunicação", subordine-se às "regras do espaço mediático", porque sem isso não existe em política, nem nós a deixamos existir. Pague a portagem, se faz favor, torne-se igual aos outros, se faz favor.
Por muito que admire o Pacheco Pereira acho que ele está a bater contra uma parede de betão. Insistentemente tem criticado o facto de os jornais não darem a relevância de direito à líder do PSD. Posso concordar com muitas das críticas que faz de subserviência evidente, principalmente por parte da RTP, mas também de outros órgãos de comunicação social, não tanto pelo desinvestimento no PSD, mas pelo sobrinvestimento no governo. Ninguém equidistante consegue disfarçar, nem tão pouco negar, esse fenómeno, mas este é independente do facto da líder do PSD não se conseguir impor na agenda mediática, sobretudo pela forma da mensagem, mais do que pelo seu conteúdo. Goste-se ou não os jornais, revistas, rádios e televisões são negócios - exceptua-se os canais televisivos e radiofónicos da Rádio e Televisão de Portugal - e como negócios que são vivem do lucro, lucro que vem da publicidade, publicidade que vem das audiências, audiências que vêm dos conteúdos, conteúdos esses que têm de ser atractivos. Logo se a líder do PSD não consegue transmitir a sua mensagem, sem deturpar a sua essência, de forma que os órgãos de comunicação social possam produzir um conteúdo - de preferência com qualidade - que consiga conquistar audiências, pura e simplesmente não é interessante para o negócio. Não se trata do facto de ter de pagar uma portagem, mas sim de encarar a realidade. Não se trata do facto de se tornar igual aos outros, mas sim de ser pragmática e compreender o meio em que se move. Quando se dá aulas fala-se de uma forma, quando se ensina numa escola primária fala-se de outra, numa conversa informal explica-se de outra, quando se fala para a comunicação social de outra. O PSD, e o Pacheco Pereira, mais do que criticar os jornais e a comunicação social em geral, devem é de, sem deixarem de ser quem são, compreender as regras do jogo e jogá-lo. Aliás isto até me surpreende um pouco vindo de um homem que de forma que raia a genialidade, comunica em todas, ou praticamente todas, as plataformas de comunicação que existem: escreve em jornais, de maneira diferente do que escreve nos blogues e de maneira diferente do que escreve nos livros; fala de maneira diferente no debate da Quadratura do Círculo do que fala a dar aulas, ou do que falava quando era parlamentar. Diferentes plataformas e diferentes destinatários, diferentes formas de comunicar a mensagem.

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