Esta foi a expressão que me saltou da boca quando ouvi a notícia de que o Papa Bento XVI, na sua primeira visita ao continente africano - o mais assolado pelo vírus do HIV e com a maior taxa de doentes de SIDA - ao chegar aos Camarões, afirmou que não era com a distribuição, nem com a utilização do preservativo que o contágio se evita, que pelo contrário só agrava o problema, que a solução é a abstinência.
Esta afirmação, no contexto em que é feita, é criminosa. Peço desculpa por estar a ser politicamente incorrecto, mas não podem ser preconceitos infundados, como a Igreja Católica tem contra os preservativos, a ditar conceitos, muito menos práticas, de saúde pública.
Sinto-me com particular autoridade para falar assim porque, como cristão evangélico que sou, tenho conhecimentos para dizer que de uma capa até à outra capa da Bíblia não existe qualquer fundamento para a doutrina católica de que o sexo deve ser apenas para reprodução, e, ainda menos de que um casal não pode tomar medidas contraceptivas. Não existe qualquer base bíblica para esse disparate.
Mais autoridade ainda sinto porque, da natureza da minha fé cristã, defendo e creio que a relação sexual deve ser praticada apenas no contexto do casamento, reconhecendo como erradas as relações sexuais antes e fora do casamento. Porém dentro do casamento, o sexo não serve apenas para reprodução e um casal tem o direito de decidir quando e quantos filhos terá.
Sinto também autoridade porque conheço vários casos, não um nem dois, vários casos de casais em que um é seropositivo e o outro não. O que diria Bento XVI a esses casais, que nunca poderiam ter relações sexuais? Que asneira!!
É certo que a relação sexual tem um contexto próprio, a meu ver, que é o casamento, porém neste é livre entre os dois, podendo usar meios contraceptivos, e, no contexto africano, onde farmácias, clínicas e outros cuidados primários de saúde não abundam, a distribuição de preservativos parece ser uma medida necessária, absolutamente necessária.
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