segunda-feira, 23 de março de 2009

Assoberbadas


Ontem à noite vi um programa, na SIC Mulher, um talk-show, da Oprah, sobre uma mãe que deixou a filha, uma bebé de dois anos, durante oito horas, sendo encontrada morta. Recordei-me de imediato da situação semelhante que recentemente ocorreu em Portugal. No programa ninguém condenou esta pobre mulher que, ao quebrar a sua rotina, se esqueceu tragicamente da filha. Nunca ninguém teve ali uma palavra de condenação, nem tão pouco ninguém poderia ter, tal como no caso em Portugal, porque, apesar das afirmações de algumas pessoas, poderia acontecer a qualquer um. Basta um engano, uma distracção, um aumento de pressão, de stresse, uma circunstância diferente, etc., e a tragédia acontece.
No programa falou-se de mães assoberbadas, mulheres que, devido a todas as pressões colocadas sobre as mulheres: casa arrumada, compras, roupa sempre impecável para toda a família, empregos cada vez mais exigentes, cozinhar e sempre com um ar de relaxada, feliz e bem cuidada. Quem poderá aguentar tal ritmo? Creio que ninguém. Sou Pai e vejo as dificuldades que eu e a minha esposa sentimos em ter tudo em ordem para cada dia, a forma com o demoramos mais de duas horas para nos prepararmos a todos, aos quatro, para sair de casa para qualquer lado. A pressão e os nervos começam logo pela manhã. É uma loucura. Apesar se tudo não nos encaixamos muito no perfil comum, porque tenho horários diferentes do habitual, mas mesmo assim a pressão é enorme.
Tudo isto levou-me a uma reflexão simplista apenas acerca das ajudas necessárias às famílias, bem como aquelas que efectivamente lhes são atribuídas. Não quero falar em situações nem ajudas financeiras. Estou a pensar efectivamente em ajudas concretas às famílias. Creches, pré-primárias, assistência social e na saúde, escola primária a tempo inteiro, com ATL's pertencentes às escolas, apoio na aquisição de materiais escolares, facilidade de transportes escolares, entre outras. Creio que esta pressão que todas as famílias sentem seria um pouco mais aliviada se todas estas infra-estruturas estivessem mais acessíveis e mais próximas das famílias.

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