domingo, 19 de abril de 2009

Acerca do preservativo: depois do Papa agora o Cardeal

É triste este caminho egoísta que a Igreja Católica está a seguir. Tentando justificar as declarações de Bento XVI acerca do preservativo, o Cardeal Patriarca de Lisboa dá mais um tiro nos pés, e prejudicou de novo a luta contra o flagelo da SIDA. Porquê? Ao afirmar que o preservativo não é 100% fiável no combate ao contágio pelo HIV, D. José Policarpo quis justificar que por isso este não é o meio mais adequado para evitar a propagação. No entanto, o Cardeal esquece-se é de que este é o melhor, não existe melhor método. Concordo totalmente com a afirmação da Igreja de que, a propagação do flagelo da Sida, se resolve, não com o uso do preservativo, mas com uma mudança de comportamentos. Esta é uma realidade. Se não houver sexo, não há contágio dessa forma.
Mas então a luta da Igreja Católica não deve ser contra o preservativo, deve ser sim por uma noção de moral que valorize a família, pela defesa da virgindade até ao casamento, por uma educação sexual que dê aos jovens uma capacidade pessoal de resistir às pressões, sociais, de grupo, que impelem a que se inicie a vida sexual cada vez mais cedo. Essa deve ser a batalha da sociedade. Mas não, impelidos por um fundamentalismo desadequado e biblicamente infundado, recusam a utilização do preservativo, bem como de qualquer outro meio contraceptivo, procurando por isso desacreditar o uso destes métodos.
Acontece que, e isso é de salientar, que por outro lado, a Igreja Católica não tem força de exemplo para levar a sociedade a mudar os seus comportamentos sexuais, e a valorizar a família, porque, os seus representantes, os sacerdotes, não podem casar e constituir uma família.
Como já afirmei sou cristão evangélico e os pastores casam e têm filhos, e, não é por isso que os seus ministérios são prejudicados. É uma vida difícil e exigente, manter uma vida familiar sã e liderar um rebanho, mas é possível e saudável e a palavra destes tem valor, porque é secundada pela força do exemplo e pela sabedoria que advém da experiência.
Por outro lado gostaria de salientar que, na Bíblia, de uma capa à outra não existe nenhuma razão para que, dentro de um casal, com a sua família constituída, este não decida utilizar preservativos ou qualquer outro meio contraceptivo, sendo opção deste o momento e número de filhos que irão ter.
Depois destas palavras do Cardeal, eu já imagino quantos diálogos à beira da cama do tipo:
- A camisinha?
- Não tenho.
- Então não há nada.
- Porquê?
- Temos que nos proteger, não quero apanhar nada.
- Não ouviste o Cardeal, mesmo usando podes apanhar, por isso não vale a pena, tiramos o gozo todo da cena.
Já estou a ouvir e fico preocupado, era bom que estes inconscientes dirigentes católicos também se preocupassem.

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