O texto a seguir reproduzido é do Pastor Evangélico José Pinto Ferreira, publicado no Boletim "Elo" da Igreja Evangélica Baptista do Cacém, n.º 591, o qual, por me ter deparado com ele e me ter identificado tanto com os valores e a visão do mundo ali transparecida, sendo ao mesmo tempo de uma singeleza e clareza tão grandes, decidi aqui trazê-lo.
O Regresso da Ética
Na terça-feira ouvi Gordon Brown, Primeiro Ministro da Grã Bretanha, afirmar em reportagem televisiva que a economia e o mundo financeiro precisavam reger-se pelos princípios da ética. Sem ética não haverá recuperação possível na economia, dizia ele.
Notícias como esta não podem passar despercebidas a pessoas como nós que quase sempre estamos contra a corrente do pensamento moral e denunciamos os desmandos duma cultura sem ética, sem rumo, sem valores. Os parlamentos ocidentais têm sido reféns de grupos de pressão que rejeitam aquilo a que chamam a "ética judaico-cristã" e que acusam de "redutora e repressiva da liberdade". Alguns desses grupos têm conseguido fazer aprovar leis iníquas como a liberalização do aborto, a legalização da eutanásia e a atribuição do estatuto de "casamento" a uniões de pessoas do mesmo sexo. Vivemos mergulhados numa cultura hedonística e inconsequente chamada de "pós-moderna". Uma das características dessa cultura é a ausência de absolutos com consequências numa certa anarquia na ética e nos relacionamentos. Assim, já muitos acham normal que uma criança tenha "duas mães" e nenhum pai, ou que alguns "homens" possam engravidar e parir. A ausência de valores leva ao caos moral e alguns começam agora a perceber que essa ausência de ética acaba por afectar também a economia.
A declaração do PM da Grã Bretanha, quanto a mim, é um sinal de que alguns governantes percebem a valor da ética, e particularmente, duma ética cristã. E nós, que muitas vezes nos deixamos intimidar com o ruído da maioria, precisamos assumir com orgulho o valor da verdade, da justiça, da moral cristã e da importância da pregação do evangelho na salvação do indivíduo e na transformação da sociedade. "Sem profecia o povo corrompe-se" (Prov. 29:18). Precisamos anunciar "todo o conselho de Deus" pois o evangelho é a verdade e Cristo a única esperança para o mundo, em qualquer época.
Quando o Senhor Jesus entrou em Jerusalém no início da "semana da paixão", os seus discípulos alegres gritaram: "Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu e glória nas alturas". Alguns sugeriram a Jesus que os mandasse calar, ao que o Senhor respondeu: "Digo-vos que se estes se calarem, as próprias pedras clamarão" (Lucas 19:38-40).
Talvez nós tenhamos estado demasiado calados. Agora outros começaram a chamar a atenção para a necessidade da ética. A preocupação de alguns é com a economia; a nossa deve ser pelo ser humano no seu todo, não esquecendo a sua responsabilidade diante de Deus e a sua eternidade. Foi por isso que Jesus morreu e ressuscitou e é isso que Ele nos manda pregar."
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