O cabeça de lista do PS às eleições europeias, Prof. Vital Moreira, assina hoje no público um texto que intitulou de "A metamorfose", analisando as "linhas da metamorfose 'laranja' ". Na verdade quem muito tem alterado posições, entrado em contradições e sido mesmo corrigido pelo Eng. Sócrates, tem sido o próprio Vital Moreira.
Sou militante de um pequeno partido, o Movimento Mérito e Sociedade, que pugna pela defesa de transparência na vida política, pelo que, perante a leitura de tal texto, embora não deseje fazer qualquer defesa do PSD, deparei-me com tantas - peço desculpa por não entrar no politiquês e dizer 'inverdade' - mentiras, equívocos e manipulações que me é impossível ficar passivo. Não consigo, além do mais perante alguém que até hoje nada, repito, nada fez para mudar o nosso país.
Vital Moreira no seu artigo fala em três linhas da metamorfose laranja. São elas:
(...)"o abandono da pulsão reformista"(...)- (...)"abandono da dimensão social"(...)
- (...)"o PSD podia ufanar-se de ser o partido da modernização das infra-estruturas do país"(...)
O Prof. Vital Moreira explicou e justificou cada uma destas linhas da transformação laranja:
- O PSD abandonou a pulsão reformista ao não acompanhar o PS nas "reformas" que este, alegadamente, tem efectuado no país, nomeadamente opondo-se às reformas dos (...)"regimes especiais do sector público, da administração pública, da saúde, da educação, do ensino superior, do sistema judicial, das forças de segurança"(...); abrindo eu a boca de espanto em como é que aquilo que o PS fez nestes sectores se pode considerar como reformas, nalguns casos terá sido uma destruição e noutros uns retoques cosméticos sem efeitos profundos, VM continua a sua tirada acusando mesmo o PSD de se encostar, de uma forma anti-natura, à esquerda parlamentar: "Ainda por cima, essa posição de conservadorismo radical foi muitas vezes acompanhada de convergências puramente oportunistas com a oposição de esquerda, como sucedeu no combate contra a reforma da educação e da legislação laboral.
- O PSD abandonou a dimensão social, porque, segundo Vital Moreira, tem adoptado uma postura neo-liberal (ler o que escrevi acerca disto aqui), sendo isso claro através da (...)"sua proposta para a reforma da segurança social, nas ideias de privatização da saúde e da educação, na hostilidade aos investimentos públicos em geral, na obsessão pela redução de impostos"(...).
- O PSD deixou de estar interessado em desenvolver as infra-estruturas do país e (...)"transformou-se num partido militantemente hostil aos projectos de infra-estruturas em geral e às de transportes em especial, mesmo aqueles que ainda na sua última passagem pelo governo considerava prioritários (caso do TGV)."
Ora vamos agora desmontar as metamorfoses de Vital Moreira. Em primeiro lugar vamos fazer uma lista das MENTIRAS que aqui diz:
- afirmou que o PSD apresentou uma (...)"hostilidade aos investimentos públicos em geral"(...) - MENTIRA - o PSD apresentou-se foi contra o investimento público indescriminado, em especial aquele que, neste contexto de crise, dada a sua dimensão, poderia hipotecar o Estado e o futuro de várias gerações, defendendo o chamado "investimento de proximidade";
- afirmou que o PSD (...)"transformou-se num partido militantemente hostil aos projectos de infra-estruturas"(...) - MENTIRA - não me querendo repetir, o PSD pediu foi mais selectividade e cuidado nesse investimento, afinal, e creio que o VM ainda não percebeu isso, haja alguém que lhe diga, estamos em crise, que se serve para o governo se desculpar, em como não tem culpa, deve servir também para reflectir e ser mais cuidadoso;
- afirmou que o PSD é hostil ao investimento público em infra-estruturas de transporte (...)"mesmo aqueles que ainda na sua última passagem pelo governo considerava prioritários (caso TGV)." - MENTIRA - o PSD defendeu sim que esta não era a melhor altura para avançar com este tipo de investimentos, e, quanto ao TGV, tendo mudado a liderança do PSD, a actual não partilha da visão - como aliás é normal dos partidos democráticos - da liderança dos tempos em que foi governo; aliás é importante recordar ao caro candidato VM que o próprio PS fez um recuo acerca de uma grande obra - o aeroporto - que cheio de certezas e de estudos iria ser na Ota, mas que perante estudos melhores, afinal vai ser em Alcochete; não poderá o PSD antes ter defendido o TGV e actualmente, perante outras informações e estudos, ter mudado de opinião?;
- perante a cruzada que VM afirma o PSD tem mantido contra as grandes obras, o candidato conclui que o PSD (...)"entrou definitivamente numa deriva de irresponsabilidade política." - MENTIRA - impõe-se a pergunta - quem é irresponsável, é aquele que quer contrair uma dívida, quando está em crise, da qual não sabe quando vai sair, ou aquele que, consciente dessa crise aconselha prudência? - e mais não digo;
- a maior mentira de VM é esta "Ao contrário do que se pretende, tais investimentos são essencialmente privados, não envolvendo grande gasto público nem endividamento público." - MENTIRA, MENTIRA - dos grandes investimentos públicos previstos, o único que será eminentemente privado será a terceira ponte sobre o Tejo, indo a sua construção ser efectuada por um consórcio, tendo a Lusoponte já se alinhado na grelha de partida para a corrida a tal concurso público, tendo no entanto o governo deixado a porta aberta à entrada de outros competidores, mas, como nenhuma empresa destas entra nestes negócios para perder, o pagamento, mediante portagens, diante 30 ou 40 anos, reflecte-se num custo muito superior aos bolsos dos cidadãos do que qualquer empréstimo bancário; aliás é de recordar que quando o governo de Cavaco Silva negociou com a Lusoponte a exploração das pontes sobre o Tejo, foi muito criticado pelo PS pela opção feita, PS esse que agora, voltados alguns anos, quer fazer o mesmo; em relação ao aeroporto a mentira ainda é maior, porque o investimento é totalmente público, ou a ANA já foi privatizada sem ninguém saber; o mesmo se passa com a RAVE, é pública ou não; claro que é, e esta é que vai pagar o TGV, onde está a dúvida de VM, ou mentiu propositadamente?;
- a mentira de VM, aquela que ele esconde ainda por detrás de tudo é que, estes investimentos gigantescos, vão absorver muita da disponibilidade de crédito dos bancos, que ainda é, devido à crise, bastante limitada; os bancos, perante o financiamento de grandes obras públicas ou o financiamento da 'economia real', como PME's, preferirão, por menor risco, financiar as obras públicas, estrangulando assim ainda mais o limitado crédito que os bancos terão disponível para as empresas e famílias;
- VM prossegue com as mentiras dizendo que esses grandes investimentos públicos (...)"se pagarão em geral a si mesmos, ao longo da sua extensa vida útil, mediante as receitas da sua utilização, como é próprio dos mecanismos de concessão de obras públicas." - MENTIRA - mentira porque já temos a experiência das SCUT's que todos pagamos e depois, vejamos que quem explorará tanto o TGV como o aeroporto são empresas públicas, que poderão nunca dar lucro (o sucesso dos empreendimentos nunca é garantido à partida, por muito que VM sonhe com isso, principalmente o do TGV), como é exemplo a TAP, a CP, a Refer, e tantas outras de transportes.
Enfim, não vou continuar, resta-me ainda observar mais um erro de que VM acusa o PSD: "Se a tudo isso acrescentarmos a inconstância da sua conduta, incapaz mesmo de respeitar os compromissos formais que assume com terceiros - como sucedeu com as quebras dos pactos com o PS sobre a justiça e sobre a forma de governo das autarquais locais"(...). Se o PSD se cortou a tais acordos fez bem, porque viu-se o que é que as "reformas" da justiça, mais concretamente do Código de Processo Penal e do Código Penal produziram, e, em relação à forma de governo das autarquias locais é de observar que o próprio António Costa, que na altura em que foi ministro foi um dos autores de tais leias, as contesta agora, enquanto Presidente de Câmara, abertamente, e, creio que não aderiu ao PSD.
Em conclusão VM afirma "Resta saber quanto tempo permanecerá o PSD sem norte.", mas acho sinceramente que quem anda sem norte, sem rumo, sem saber o que dizer, a ser desmentido e contrariado internamente no PS, completamente desprezado, é o próprio candidato Vital Moreira.
Claro que não posso terminar nem uma pequena achega: isto mostra a qualidade dos políticos do espectro parlamentar, a lamentável falta de qualidade. Mas o povo tem os políticos que merece, porque é incapaz de ir mais além, de mudar as mentalidades e perceber que existem movimentos novos, com novas ideias. Daí estar profundamente do lado do Movimento Mérito e Sociedade, do qual o cabeça de lista a estas europeias é Carlos Gomes. O nome não dirá nada ao grande público, mas trata-se do presidente do Grupo Fiat para os mercados do Sul da Europa (França, Espanha e Portugal), alguém que conhece a Europa não de ouvir falar, nem do que leu em livros, mas da prática, não da prática política, mas da prática da vida, do trabalho. Certamente é alguém assim que prefiro confiar.
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