domingo, 26 de abril de 2009

Quem será o salazarento?


«Ouvir o discurso do líder parlamentar do maior partido da oposição na sessão solene do 25 de Abril foi ver uma visão cinzenta e salazarenta do país, sem investimentos e sem legado para as gerações futuras», afirmou Mário Lino, na cerimónia que marcou o arranque da concessão Algarve Litoral, que prevê a requalificação da Estrada Nacional 125 (EN-125). (texto transcrito de notícia do site da TSF)


Quando li estas palavras pela primeira vez fiquei indiferente, depois comecei a ficar incomodado e por fim confuso. Explicando...

A princípio pensei: - Bem mais um disparate do Mário Lino, coitado lá encontrou mais um deserto.

Perante a insignificância intelectual que este ministro é fiquei indiferente a esta frase. Mas depois comecei a ficar com mais uns macaquinhos no sótão: afinal este homem deserto na margem sul, diz que o outro, o Rangel tem uma visão salazarenta dos investimentos públicos, mas quem quer fazer mega projectos, à ditador, é ele - isto aqui há qualquer coisa que não bate certo - e fiquei incomodado.

Por fim fiquei confuso, mesmo muito confuso, porque ele afirma que o Rangel tem uma visão salazarenta do país porque é "sem investimentos e sem legado para as gerações futuras". Mas eu ouvi o discurso do Rangel, o que ele defendeu foi investimento público rigoroso, não nenhum. Será que o Mário Lino se imagina um Faraó do Egipto que tem de deixar obras megalómanas para não cair no esquecimento da história? Quanto a isso não tem de se preocupar, porque já é histórico o afirmar que "aeroporto na margem sul - nunca" e é lá que vai ser construído; já são históricos os estudos do governo provando que a Ota era o melhor lugar, tão bons, que bastou um estudo independente e rigoroso para descredibilizar e desmentir os rigorosos estudos do governo; é histórico que o chefe do Lino, o Sócrates, recentemente tenha vindo outra vez com o argumento dos estudos para provar a necessidade do TGV, os seus traçados, bem como para justificar uma série de outras medidas - pergunto - quem mais pode, depois do que aconteceu com o aeroporto, acreditar mais nos estudos do governo? Ninguém, respondo eu. Mas quem sou eu, não é Sr. Vítor. Afinal quem é salazarento, é o que acha que se deve ter cuidado com o investimento público, ou o que é absoluto dono da razão, que depois se demonstra não ter? A esta não respondo, embora tenha a minha resposta.

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