segunda-feira, 13 de abril de 2009

"Propaganda Quinzenal" ou "A Solução Miraculosa para a Crise"


O país vive neste momento em suspenso durante quinze dias, o espaço que medeia entre um debate quinzenal e o seguinte. Este suspense, esta ansiedade, esta necessidade que o país tem em relação a estes debates, nada tem a ver com vivacidade ou interesse democráticos, tem sim a ver com o facto de que aí, em geral sempre aí, o Primeiro-Ministro, qual Imperador a debitar ordens na sala do trono, anuncia sempre mais uns milhões, mais uma medida recheada de Euros, que vem, como bóia em mar agitado, salvar a doente economia e sociedade portuguesa. Bem-haja ao nosso Primeiro pelas suas intervenções, onde, apesar do debate enfadonho, no qual nem as perguntas são as certas, fazem sempre as perguntas erradas, pelo que recebem as respostas certas, apresenta a luz, o caminho, nos conduz, país perdido, rumo ao paraíso do milhões do orçamento de Estado, que nos hão de salvar da perdição e trazer para uma paz, a paz de Sócrates, pela qual lhe estaremos para sempre gratos.
Claro que nesse espaço, nesse tempo infindo, qual oceano azul, muito azul, cujo fim é uma linha do horizonte, que insistentemente se afasta, não permitindo que a alcancemos, o vazio é o rei, nada há, nada se faz, nada surge. Pelo que agradecemos sempre, para sempre, por esse dia, o dia mais importante, o dia da luz, da descida de Sócrates ao Parlamento, para dali falar ao povo, tal Deus em Tabernáculo, no meio do deserto onde militava o povo hebraico.

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