O título deste texto foi a frase mais forte do melhor e mais marcante discurso proferido hoje, durante a cerimónia oficial comemorativa do 25 de Abril, discurso esse feito por Paulo Rangel em representação do PSD.
A maior desilusão foi mesmo o discurso do Presidente da República, que embora cheio de recados globais, com carapuças em tamanho certo para todos os partidos, bem como uma tentativa de motivar à participação democrática em detrimento da abstenção, ficou aquem em termos da concretização de críticas mais contundentes, de que, a constatação da realidade, feita pelo Presidente, é notoriamente insuficiente.
O desapontamento, embora pessoalmente não me surpreenda, veio da parte do PS, com o velho Capitão de Abril Marques Júnior a, emocionando-se durante o discurso, tornando-o marcante apenas por isso, logo do início do discurso anunciar que não iria falar da crise, demonstrando mais uma e repetida vez o completo alheamento do governo e do PS em relação à realidade e às necessidades do país. Enfim o país que temos.
Gostei também particularmente do discurso de Teresa Caeiro que foi a primeira a lembrar que a conquista da liberdade, tão proclamada pelos partidos de esquerda que antes dela discursaram, não se consumou no 25 de Abril, mas sim no 25 de Novembro, quando homens como Ramalho Eanes impediram que de novo caíssemos nas malhas de uma ditadura igualmente feroz. Estas verdades da história, tantas vezes esquecidas, têm de ser sempre, mas sempre relembradas para que não se possa branquear o passado e nunca nos esqueçamos que, apesar dos desmandos do neo-liberalismo nos terem trazido para esta crise, não são os extremismos de uma esquerda, há muito ultrapassada pela história, que são a solução para esta mesma crise. O ponto de ebulição revoltante atingi quando Ana Drago, representante do BE, até a sociedade civil desprezou em favor de uma papel intervencionista absoluto do Estado, que, como afirmei anteriormente, já foi experimentado e demonstrado ser igualmente mau.
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