Senti-me muito revoltado e profundamente escandalizado com o nível de hipocrisia que a política portuguesa, e, no caso concreto, o Partido Socialista, está atingir. Perante este artigo do Público fiquei enjoado e senti estar a atingir os limites do que consigo aguentar em termos de hipocrisia e de cara-de-pau.
Na notícia em questão o PS pede explicações ao PSD acerca de duas mulheres inscritas, uma em 3º, outra no 6º lugar da lista para as europeias, que, alegadamente, caso sejam eleitas, pelo menos uma delas desistirá do mandato para permitir que um representante da Madeira seja automaticamente eleito para o Parlamento Europeu, contornando assim a lei da paridade. Se isto for verdade trata-se de uma prática gravíssima, reveladora de um profundo desrespeito pelos eleitores, reveladora de uma partidocracia desavergonhada que, infelizmente, substituiu a nossa democracia, conforme denunciado aqui, aqui, aqui e aqui.
Mas igualmente revoltante é que o PS se arrogue a autoridade de questionar o PSD acerca de uma matéria desta natureza. Como é que têm o descaramento de exigir explicações num caso destes, quando eles são os primeiros a terem duas mulheres, em lugares elegíveis, que serão também candidatas às eleições autárquicas. Falo concretamente de Elisa Ferreira e Ana Gomes. Se a intenção é ganhar as Câmaras para as quais vão concorrer, nomeadamente Porto e Sintra, como é que isso se conjuga com o facto de estarem numa lista para o Parlamento Europeu. Como? Não entendo, mas parece-me óbvio que não têm qualquer respeito pelo mandato para o qual, muito provavelmente, irão ser eleitas, não tendo qualquer intenção de, salvo tacho melhor, cumprirem esse mandato no PE.
Deixo aqui uma novidade: em Portugal existe um partido político, um único, que defende a obrigatoriedade de, quem é eleito, cumprir esse mandato até ao fim, e, acabar assim com candidatos fantasma, ou testas de ferro, como se lhe queira chamar - trata-se do Movimento Mérito e Sociedade - que luta para mudar o regime partidocrático português.
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